A indústria química brasileira dá sinais de que a economia nacional ensaia uma retomada no início do segundo semestre. Fornecedor de insumos para a maior parte da indústria nacional, o setor químico registrou expansão de mais de 10% nas vendas internas e na produção em julho, na comparação com junho. O resultado preliminar foi divulgado nesta segunda-feira pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
O Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da entidade aponta que a produção nacional de produtos químicos de uso industrial cresceu 10,82% em julho ante o mês anterior. No mesmo período, o indicador de vendas internas cresceu 10,37%. "Após um 2º trimestre atípico, de resultados negativos no setor, os números do último mês de análise trazem algum alento", destaca o relatório da Abiquim. "Aparentemente, os clientes que estavam com estoques baixos, porque tinham expectativas de que os preços cairiam no mercado interno, como vinham caindo no mercado externo, voltaram a comprar", completa a entidade.
A pesquisa também aponta expansão consistente do setor em relação a julho de 2011. A produção nessa base comparativa cresceu 6,74% e as vendas internas tiveram alta de 5,90%. Com isso, a taxa de utilização do setor atingiu 83% em julho, uma expansão de nove pontos porcentuais em relação ao nível de junho. O número também é um ponto porcentual superior à marca de julho de 2011.
Os dados de julho impulsionaram o resultado da Abiquim em 2012. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a produção cresceu 4,91% ante o mesmo intervalo do ano passado. No caso das vendas internas, a taxa de expansão foi de 8,26%. Ambos os indicadores apresentam o melhor resultados dos últimos cinco anos, segundo a Abiquim.
A má notícia é que nesse mesmo período o consumo aparente nacional (CAN), indicador que dimensiona a demanda local, cresceu apenas 0,48% em relação a igual período de 2011. O número mostra que uma parte das vendas locais de químicos de uso industrial tem origem na substituição do produto importado pelo nacional. As importações do setor encolheram 12,4% no período. Ou seja, o crescimento da demanda doméstica ainda não atingiu números mais condizentes com a previsão de que a economia brasileira possa crescer ao redor de 2% em 2012.
De acordo com a entidade, embora nos últimos meses as importações tenham encolhido, há no setor muita preocupação com a desaceleração da economia mundial, especialmente China e alguns países europeus. Esse momento adverso pode ser uma das razões para a queda de 1,49% no índice de preços do setor entre julho e junho deste ano. No acumulado de janeiro a julho, porém, os preços apresentam elevação de 7,29% em relação a 2011.