Setembro começa com a mesma sina que vem marcando o mercado cambial doméstico nos últimos meses: o intervalo de oscilação do dólar entre um piso de R$ 2,00 e um teto de R$ 2,10. Com o fim das férias de verão (no Hemisfério Norte) e a iminência de novos estímulos econômicos por parte dos Bancos Centrais norte-americano (Federal Reserve) e europeu (BCE), boa parte dos analistas começa a questionar se essa banda informal não será testada em breve. Ainda assim, o monitoramento da autoridade monetária brasileira torna mais difícil essa tentativa.
Por volta das 9h15, na BM&F Bovespa, o contrato futuro do dólar para outubro era negociado na mínima, com queda de 0,07%, a R$ 2,037, na cotação mínima até então, após abrir em alta e subir 0,17% na máxima, a R$ 2,042 (+0,17%). No mercado de balcão, o dólar à vista iniciou a sessão com valorização de 0,15%, a R$ 2,033, mas era cotado na mínima do dia, a R$ 2,031 (+0,05%), no mesmo horário.
Um operador de tesouraria de um banco local resume as perspectivas dos agentes financeiros para o início deste novo mês. Segundo ele, a tendência para o real é de apreciação, diante das expectativas de retomada das captações externas - tanto pelo governo quanto por grandes empresas brasileiras - e também da disposição do Fed e do BCE em reativar as economias dos Estados Unidos e da zona do euro, respectivamente.
"Isso pode levar o dólar cada vez mais perto do piso", comenta. Contudo, resta saber se o governo brasileiro e o Banco Central vão permitir que a moeda norte-americana caía abaixo de R$ 2,00, diante das inúmeras declarações e intervenções defendendo uma direção contrária. Em contrapartida, o profissional, que falou sob a condição de não ser identificado, não vê razões para o real se depreciar até o teto de R$ 2,10 ante o dólar.
Esse horizonte, porém, é para o decorrer de setembro, com as atenções voltadas para os eventos que acontecem nessas duas primeiras semanas no exterior. Entre os destaques, está a divulgação do relatório do mercado de trabalho norte-americano (payrroll), na sexta-feira; a reunião de política monetária do BCE, na quinta-feira; a decisão da Corte alemã sobre o fundo de resgate europeu (ESM), na quarta-feira que vem, mesmo dia em que encerra a reunião de política monetária do Fed.
Nesta segunda-feira, porém, a expectativa é de liquidez enxuta e volatilidade reduzida, por causa do feriado nos EUA pelo Dia do Trabalho. A data marca o fim das férias de verão no Hemisfério Norte. Em Nova York, no horário acima, o euro estava praticamente estável, a US$ 1,2574, em relação ao fechamento da sexta-feira.
Entre as moedas correlacionadas com commodities, o comportamento lateral do dólar norte-americano se repetia ante o dólar canadense e a rupia indiana, mas a moeda dos EUA exibia altas de 0,55% e de 0,38% ante os dólares australiano e neozelandês, respectivamente. Essas moedas reagem aos dados de atividade em países asiáticos, como China e Austrália, divulgados durante o fim de semana.