As batatas que Josias Francisco da Silva vende no Mercado Novo acabaram rapidamente na manhã de ontem: “Estão em falta”. No sacolão Abastecer da Rua Silviano Brandão, o gerente Márcio da Silva precisou reajustar o preço do tubérculo em pouco mais de 100%: “Passou de R$ 0,99 para R$ 1,99 em sete dias”. A disparada no preço do produto ocorreu também na Ceasa Minas, onde o quilo no atacado subiu 30% entre julho e agosto, de R$ 0,61 para R$ 0,79. A alta da batata foi um dos principais motivos da variação de 0,44% do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e referente à última semana de agosto. O indicador foi o dobro do apurado em julho (0,22%). Foi maior também do que o da terceira semana de agosto: 0,34%
No acumulado do ano, a alta é de 3,52%. Em 12 meses, o aumento é de 5,69%. “É a hora e a vez da batata”, lamentou Márcio da Silva. O produto foi o segundo item do IPC-S com maior influência positiva na última semana de agosto (14,95%). Ficou atrás apenas do tomate (17,18%), cujo preço está acima do normalmente cobrado pelo mercado desde junho. Por outro lado, o IPC-S mostrou que a alta do tomate está perdendo força. Tanto que, na semana anterior à da pesquisa, a variação havia sido de 31,39% – quase o dobro do apurado na semana posterior (17,18%). A oscilação da batata, por sua vez, foi de 4,40% para 14,95%.
O chefe da seção de Informações de Mercado da Ceasa Minas, Ricardo Fernandes Martins, explica a causa da subida do preço da batata-inglesa: “O volume da oferta caiu aproximadamente 9%. O motivo foi a chuva do início de junho, comprometendo parte da safra do Sul de Minas, no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba. Também houve perda em outros estados, como São Paulo. A expectativa é de que o preço permaneça estável por alguns dias e caia a partir da segunda quinzena de setembro”. Em relação ao tomate, o especialista avalia que o preço irá cair, mas só deve se normalizar a partir de outubro.
A alta do preço do tomate não é novidade para muitas donas de casa: problemas climáticos em São Paulo e no Rio Grande do Sul levaram boa parte da produção de Minas Gerais para aqueles mercados. “Muita coisa foi para São Paulo. O preço ficou alto lá e aqui. Minha irmã, por exemplo, me contou que pagou R$ 8,40 no quilo do tomate em São Paulo, onde mora”, contou Josias, dono de uma banca de legumes e verduras no Mercado Novo. No sacolão que gerencia, Márcio da Silva torce para que o preço do tomate volte ao normal com urgência, pois o valor alto prejudica os negócios.
“Em Belo Horizonte, o preço já está caindo. Para se ter ideia, chegamos a vender o quilo do tomate a R$ 6,99. Hoje está a
R$ 3,99”, compara o comerciante. A caixa de 20 quilos do fruto, atualmente, é vendida a R$ 50 na Ceasa Minas. O preço “normal”, calcula Ricardo Martins, é R$ 30. “Já esteve a R$ 90, em julho e no início de agosto. Está caindo. Deve cair um pouco mais em setembro, mas só será normalizado a partir de outubro”, acredita.
O tomate e a batata-inglesa não foram os únicos vilões do IPC-S. O item alimentos preparados e congelados de aves também teve forte peso no indicador (7,7%). O motivo dessa alta não se restringe apenas ao país: a seca nos Estados Unidos prejudicou a safra do milho, levando o país a importar toneladas de grãos do Brasil de outras nações, o que elevou o preço da commodity. Vale lembrar que o milho é base da ração das aves e dos suínos, mas entra até na composição da ração de cães e gatos.
Carro usado caiu menos
Seis dos oito grupos que compõem o IPC-S apresentaram alta na comparação entre a quarta e a terceira semana de agosto, segundo divulgou a FGV. Os principais destaques, quando analisado todo o item, ocorreram no grupo transportes (-0,34% para -0,04%) e habitação (0,32% para 0,47%). No caso dos transportes, houve queda menor no tópico automóvel usado, de -2,31% na terceira semana de agosto para -0,68%, na última. Em relação ao item habitação, o culpado maior foi o aluguel, com crescimento de 0,27% para 0,42%.
“Também representaram acréscimo a variação dos grupos vestuário (-0,70% para -0,57%), saúde e cuidados pessoais (0,46% para 0,49%), alimentação (1,07% para 1,09%) e educação, leitura e recreação (0,47% para 0,51%). Nessas classes de despesas destacam-se os itens calçados (-0,02% para 0,45%), medicamentos em geral (0,13% para 0,24%), carnes bovinas (-0,20% para 0,62%) e passagem aérea (2,89% para 4,10%)”, informa o relatório da Fundação Getulio Vargas.
Mas o IPC-S também mostra quedas. Houve decréscimo de percentual no grupo comunicação (0,29% para 0,10%) e despesas diversas (0,24% para 0,20%). “Para cada uma dessas classes de despesa vale mencionar o comportamento dos itens pacotes de telefonia fixa e internet (cuja variação de preços decresceu de 0,64% para 0,18%) e alimento para animais domésticos (de -0,01% para -0,30%)”, completou o relatório da FGV. O próximo IPC-S, referente à primeira semana de setembro, será divulgado no dia 10. (PHL)
Mercado eleva previsão para o IPCA
Em expansão desde o início de julho, a inflação se afasta cada vez mais do centro da meta de 4,5% fixada pelo governo. Cerca de 100 especialistas de mercado e instituições financeiras ouvidos pelo Relatório Focus do Banco Central elevaram, pela oitava semana seguida, a expectativa de fechamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano, que passou de 5,19% para 5,20%.
A pressão dos preços de alimentos, principalmente da soja e do milho, está entre as principais justificativas para o cenário. Os efeitos devem ser sentidos também nos índices de preços medidos pela Fundação Getulio Vargas. A começar pelo IGP-M que passou de uma previsão de alta de 7,85% para 8,03%. O IGP-DI teve variação mais moderada, segundo avaliação do Relatório Focus, saindo de 8,16% para 8,17%. Os reflexos serão sentidos também em 2013, ano em que a inflação estará mais pressionada. Em boletim do Banco Central, o avanço de preços esperado para o ano que vem é de 5,51%.
REDUÇÃO O Produto Interno Bruto (PIB) também passa por uma sequência de revisões, mas ao contrário da inflação, é reduzido a cada novo relatório, divulgado semanalmente. Pela quinta vez consecutiva, foi cortado, desta vez passando de 1,73% para 1,64%. O resultado desanimador do PIB do segundo trimestre divulgado na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi o principal responsável pela nova estimativa de crescimento do país para este ano. Isso porque registrou variação de 0,4% entre os meses de abril a junho frente ao primeiro trimestre do ano, frustrando o mercado, que contava com alta de 0,5%. Para 2013, não houve alteração, com resultado esperado de 4%.
No acumulado do ano, a alta é de 3,52%. Em 12 meses, o aumento é de 5,69%. “É a hora e a vez da batata”, lamentou Márcio da Silva. O produto foi o segundo item do IPC-S com maior influência positiva na última semana de agosto (14,95%). Ficou atrás apenas do tomate (17,18%), cujo preço está acima do normalmente cobrado pelo mercado desde junho. Por outro lado, o IPC-S mostrou que a alta do tomate está perdendo força. Tanto que, na semana anterior à da pesquisa, a variação havia sido de 31,39% – quase o dobro do apurado na semana posterior (17,18%). A oscilação da batata, por sua vez, foi de 4,40% para 14,95%.
O chefe da seção de Informações de Mercado da Ceasa Minas, Ricardo Fernandes Martins, explica a causa da subida do preço da batata-inglesa: “O volume da oferta caiu aproximadamente 9%. O motivo foi a chuva do início de junho, comprometendo parte da safra do Sul de Minas, no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba. Também houve perda em outros estados, como São Paulo. A expectativa é de que o preço permaneça estável por alguns dias e caia a partir da segunda quinzena de setembro”. Em relação ao tomate, o especialista avalia que o preço irá cair, mas só deve se normalizar a partir de outubro.
A alta do preço do tomate não é novidade para muitas donas de casa: problemas climáticos em São Paulo e no Rio Grande do Sul levaram boa parte da produção de Minas Gerais para aqueles mercados. “Muita coisa foi para São Paulo. O preço ficou alto lá e aqui. Minha irmã, por exemplo, me contou que pagou R$ 8,40 no quilo do tomate em São Paulo, onde mora”, contou Josias, dono de uma banca de legumes e verduras no Mercado Novo. No sacolão que gerencia, Márcio da Silva torce para que o preço do tomate volte ao normal com urgência, pois o valor alto prejudica os negócios.
“Em Belo Horizonte, o preço já está caindo. Para se ter ideia, chegamos a vender o quilo do tomate a R$ 6,99. Hoje está a
R$ 3,99”, compara o comerciante. A caixa de 20 quilos do fruto, atualmente, é vendida a R$ 50 na Ceasa Minas. O preço “normal”, calcula Ricardo Martins, é R$ 30. “Já esteve a R$ 90, em julho e no início de agosto. Está caindo. Deve cair um pouco mais em setembro, mas só será normalizado a partir de outubro”, acredita.
O tomate e a batata-inglesa não foram os únicos vilões do IPC-S. O item alimentos preparados e congelados de aves também teve forte peso no indicador (7,7%). O motivo dessa alta não se restringe apenas ao país: a seca nos Estados Unidos prejudicou a safra do milho, levando o país a importar toneladas de grãos do Brasil de outras nações, o que elevou o preço da commodity. Vale lembrar que o milho é base da ração das aves e dos suínos, mas entra até na composição da ração de cães e gatos.
Carro usado caiu menos
Seis dos oito grupos que compõem o IPC-S apresentaram alta na comparação entre a quarta e a terceira semana de agosto, segundo divulgou a FGV. Os principais destaques, quando analisado todo o item, ocorreram no grupo transportes (-0,34% para -0,04%) e habitação (0,32% para 0,47%). No caso dos transportes, houve queda menor no tópico automóvel usado, de -2,31% na terceira semana de agosto para -0,68%, na última. Em relação ao item habitação, o culpado maior foi o aluguel, com crescimento de 0,27% para 0,42%.
“Também representaram acréscimo a variação dos grupos vestuário (-0,70% para -0,57%), saúde e cuidados pessoais (0,46% para 0,49%), alimentação (1,07% para 1,09%) e educação, leitura e recreação (0,47% para 0,51%). Nessas classes de despesas destacam-se os itens calçados (-0,02% para 0,45%), medicamentos em geral (0,13% para 0,24%), carnes bovinas (-0,20% para 0,62%) e passagem aérea (2,89% para 4,10%)”, informa o relatório da Fundação Getulio Vargas.
Mas o IPC-S também mostra quedas. Houve decréscimo de percentual no grupo comunicação (0,29% para 0,10%) e despesas diversas (0,24% para 0,20%). “Para cada uma dessas classes de despesa vale mencionar o comportamento dos itens pacotes de telefonia fixa e internet (cuja variação de preços decresceu de 0,64% para 0,18%) e alimento para animais domésticos (de -0,01% para -0,30%)”, completou o relatório da FGV. O próximo IPC-S, referente à primeira semana de setembro, será divulgado no dia 10. (PHL)
Mercado eleva previsão para o IPCA
Em expansão desde o início de julho, a inflação se afasta cada vez mais do centro da meta de 4,5% fixada pelo governo. Cerca de 100 especialistas de mercado e instituições financeiras ouvidos pelo Relatório Focus do Banco Central elevaram, pela oitava semana seguida, a expectativa de fechamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano, que passou de 5,19% para 5,20%.
A pressão dos preços de alimentos, principalmente da soja e do milho, está entre as principais justificativas para o cenário. Os efeitos devem ser sentidos também nos índices de preços medidos pela Fundação Getulio Vargas. A começar pelo IGP-M que passou de uma previsão de alta de 7,85% para 8,03%. O IGP-DI teve variação mais moderada, segundo avaliação do Relatório Focus, saindo de 8,16% para 8,17%. Os reflexos serão sentidos também em 2013, ano em que a inflação estará mais pressionada. Em boletim do Banco Central, o avanço de preços esperado para o ano que vem é de 5,51%.
REDUÇÃO O Produto Interno Bruto (PIB) também passa por uma sequência de revisões, mas ao contrário da inflação, é reduzido a cada novo relatório, divulgado semanalmente. Pela quinta vez consecutiva, foi cortado, desta vez passando de 1,73% para 1,64%. O resultado desanimador do PIB do segundo trimestre divulgado na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi o principal responsável pela nova estimativa de crescimento do país para este ano. Isso porque registrou variação de 0,4% entre os meses de abril a junho frente ao primeiro trimestre do ano, frustrando o mercado, que contava com alta de 0,5%. Para 2013, não houve alteração, com resultado esperado de 4%.