A colheita de soja e outros produtos agropecuários ajudaram a elevar em 5,91% as vendas de caminhões em agosto na comparação com o mês anterior. "Tivemos uma safra de 66 milhões de toneladas de soja que justificam isso", disse o presidente-executivo da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção Jr.
Mas, segundo ele, o avanço no segmento de pesados pode ser justificado também pela retomada da atividade do próprio setor automotivo, que utiliza caminhões para transportar peças, componentes e os veículos produzidos. "Tivemos uma pequena retomada da indústria automobilística que resultou em aumento no transporte de componentes e veículos fabricados, que é feito por caminhões", explicou após divulgação de dados do setor.
As vendas no segmento de pesados, no entanto, seguem em queda no acumulado deste ano, ante o mesmo período de 2011, por conta de mudança de tecnologia de motores - que encareceu os veículos nas concessionárias - e da redução da atividade econômica do País. O recuo, nos oito meses até agosto, é de 20,17%. Para a Fenabrave, nem a recuperação da economia brasileira esperada para o segundo semestre pode mudar o quadro de licenciamentos no segmento: a Fenabrave projeta um recuo de 19% nos emplacamentos de caminhões neste ano sobre 2011.
Assumpção Jr. elogiou medidas tomadas pelo governo federal para alavancar o investimento em infraestrutura no País, como as concessões para rodovias e ferrovias, e pacotes de estímulo específicos para caminhões, a exemplo da redução da taxa de juros do Finame, linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ele deixou claro, no entanto, que o segmento não tem uma resposta tão rápida quanto o de veículos leves, que bate recorde de vendas com a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). "O caso do caminhão é moroso", disse, lembrando que é um produto bem mais caro e que está diretamente associado ao nível de atividade e de investimentos no País.
As vendas de ônibus, em agosto, subiram impressionantes 54,88% na comparação com julho. De acordo com Alarico, o desempenho pode ser explicado pelas encomendas de ônibus rodoviários, historicamente maiores no segundo semestre. "O encarroçamento demora de 70 a 90 dias. Isso justifica o volume elevado em agosto", afirmou.