A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que na semana passada reduziu a taxa básica de juros em 0,5 ponto porcentual para 7,5% ao ano, transmite a preocupação da autoridade monetária em deixar claro que não está no horizonte dele aumentar juros mais à frente, avalia o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal.
Essa afirmação do BC por meio da ata, de acordo com o economista é importante porque já começam a surgir no mercado previsões de que, diante da recuperação da atividade econômica e consequente aumento da inflação, a taxa de juros poderá ter que voltar a subir mais à frente.
Para Souza Leal, a ata mostra também um BC mais confiante no papel das medidas de estímulo ao crescimento da economia. "Isso é bom porque o BC tira de cima da política monetária o peso de ser o motor da atividade", diz o economista do ABC Brasil.
Ainda de acordo com ele, a ata reserva dois parágrafos para discorrer sobre a inflação, mas a condiciona a um choque de oferta temporal. Isso reforça a tese que vem sendo defendida pelos diretores do BC, de que a convergência da inflação para a meta não será linear.
"Além disso, o documento alarga a questão temporal no que diz respeito à convergência da inflação", diz o economista. Antes o BC falava em convergência para 2013 e na ata divulgada nesta quinta-feira, o compromisso com uma data específica não aparece, observa Souza Leal.
No entanto, explica, o BC retomou na ata o discurso de que o cenário externo é deflacionário. "É uma ideia importante que sinaliza que aumentar juros não está no horizonte do BC", afirma.