Falta pouco mais de dois meses para que a primeira parcela do 13º salário seja paga, mas muitos brasileiros não pretendem esperar todo esse tempo para colocar a mão no benefício. Todas as instituições financeiras já oferecem linhas de crédito específicas para antecipação de até 100% do dinheiro extra com que os trabalhadores contam no final do ano. Mas é preciso pesquisar. Até então com juros atraentes e abaixo de outras modalidades de financiamento, este ano linhas voltadas especialmente para o 13º salário perderam competitividade frente a outros produtos, como o próprio crédito pessoal.
Com os nove cortes da taxa Selic promovidos pelo Comitê de Política Econômica (Copom) desde agosto do ano passado, os bancos tiveram que acompanhar a política monetária e também reduziram, gradativamente, o custo do endividamento. Desde o início da semana, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF) e Bradesco praticam novos juros, motivados pela redução da Selic de 8% para 7,5% ao ano. No Santander, a nova tabela passa a valer na próxima segunda-feira.
Em alguns casos, como na Caixa Econômica Federal (CEF), a própria linha de antecipação do 13º salário foi revisada para baixo, partindo de 2,79%, contra os 2,90% praticados anteriormente. Ainda assim, continua mais cara que outras alternativas de crédito como o chamado Aporte Auto – com garantia do veículo – que tem taxa a partir de 1,25% ao mês.
No caso do BB, o crédito pessoal caiu de uma taxa mínima de 1,93% ao mês para 1,89%. Enquanto isso, o custo para quem recorre à linha exclusiva para antecipação do 13º salário tem taxa a partir de 2,28% ao mês. No Bradesco, esse percentual mínimo supera a casa dos 3%, contra crédito pessoal que parte de 1,85%. No Itaú Unibanco também é preciso pesquisar. Clientes Max Conta Portabilidade Salário têm acesso a taxa para crédito pessoal que varia entre 1,87% a 4,81% ao mês. Já para quem busca o benefício do 13º, este percentual parte de 2,92% ao mês, havendo uma margem em que o empréstimo se mostra mais barato.
A grande vantagem para cliente e banco que vão antecipar o 13º está na quitação do débito, que acontece no dia em que o trabalhador recebe o benefício em sua conta corrente. Não é por acaso que, entre as exigências do banco para conceder o empréstimo, está a necessidade de manutenção da conta-salário na própria instituição financeira. Em alguns casos, como na Caixa Econômica Federal (CEF), ainda é exigido tempo mínimo de movimentação da conta-salário – pelo menos um ano (veja quadro).
Para ter certeza de que o crédito pessoal é mais vantajoso, é fundamental checar também o prazo em que o valor será quitado. Mesmo com juros menores, quanto maior o parcelamento, maior será o montante da dívida, o que, no caso, não acontece com o empréstimo contratado por meio da linha voltada para o 13º salário, que deve ser liquidado assim que o benefício for depositado.
ÚLTIMO CASO
Para a especialista em finanças pessoais Lilian Gallagher, linhas especiais como a do 13º salário só devem ser acessadas para quitar outras dívidas, mais caras. “É preciso checar a taxa de juros para antecipação e o quanto se está pagando em outras modalidades de empréstimo. Isso é fundamental para que seja tomada a decisão de tomar ou não o crédito”, avalia.
Em casos de débitos vencidos no cartão de crédito ou cheque especial, em que as taxas de juros podem facilmente superar os 10% ao mês, o consultor de finanças pessoais do Itaú-Unibanco Jurandir Macedo orienta que uma atitude seja tomada rapidamente. “Essa operação de antecipar o 13º pode ser uma alternativa interessante nessas situações, por se mostrar mais vantajosa. Mas é preciso pesquisar”, pondera.
Outra consideração importante a ser feita é quanto à necessidade de recursos para pagar as dívidas já esperadas para o fim de ano, como os impostos residencial e de veículo. “É preciso estabelecer o compromisso de passar um Natal mais simples”, pondera Macedo. E também organizar as contas para não ser necessário buscar novo empréstimo para pagar IPVA e IPTU. Antecipar compras para aproveitar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros, linha branca e móveis também não é aconselhável. “A não ser que seja uma atitude muito consciente”, acrescenta Macedo.