A redução dos preços da energia anunciada pela presidente Dilma Roussef na semana passada pode abrir uma brecha para que o governo resolva questões ligadas ao etanol. A opinião é do presidente interino da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues.
Segundo ele, preços menores da energia reduzirão a pressão sobre a inflação, dando margem para o governo resolver a disparidade entre o preços da gasolina e do petróleo sem elevar os índices de preços. O efeito seria um etanol mais competitivo, sem o peso da contenção de preços da gasolina.
"Na teoria, os preços da gasolina podiam ser elevados com a redução dos preços da energia", disse. Mas a expectativa é de que qualquer alteração do preço da gasolina na bomba ocorra apenas em 2013. O executivo irá se encontrar, na quarta-feira, com representantes do Ministério da Fazenda, para discutir questões relacionadas à competitividade do etanol, incluindo esta nova possibilidade que surge com o pacote energético.
Pádua avalia que a medida é positiva para os consumidores, que terão uma redução entre 16% e 28% na conta de energia. Porém, ele lamenta que o pacote não traga nenhuma alternativa para dar competitividade à energia gerada por meio da biomassa. Atualmente, a grande maioria das usinas do setor gera energia para consumo próprio. Muitas já possuem capacidade para gerar um excedente energético que pode ser vendido à grade de energia por meio de leilões. Mas os preços oferecidos nos últimos leilões não cobrem os investimentos em caldeiras para que esta produção de excedente energético se torne viável.