Ir até o banco ontem foi um verdadeiro exercício de paciência. Não bastasse ser volta do feriadão e início de mês, quando o movimento nas agências aumenta por conta do pagamento dos salários, muitos caixas eletrônicos estavam desligados por falta de dinheiro. Dentro dos bancos, o problema se repetia, com a falta de notas nos terminais de atendimento. Em algumas unidades do Itaú Unibanco, como a do Bairro Funcionários, a entrada de clientes era controlada na porta. “À medida que recebemos depósitos, liberamos os correntistas para fazer as operações”, afirmou a funcionária que organizava a fila. Na entrada, um comunicado informava: “Devido à greve das transportadoras de valores, estamos com os equipamentos indisponíveis para saque.”
Há uma semana funcionários das empresas de transporte de valores do estado estão parados para reivindicar reajuste de 27% dos salários. “Seis empresas prestam o serviço hoje. Cada dia, um grupo paralisa as atividades”, explica Arifa Prates, diretor financeiro do Sindicato dos Empregados em Empresas de Transporte de Valores do Estado de Minas Gerais (Sintrav-MG). Ontem foi a vez da Rodoban, Proforte e Embraforte interromperem a distribuição de dinheiro nas agências da região metropolitana.
Com o desabastecimento, o cenário que se via nos bancos era desanimador. Não foi difícil encontrar agências nas quais menos da metade dos terminais estava em operação. Naquelas em que o serviço ainda funcionava, as filas tinham mais de 20 pessoas com quase uma hora de espera. A saída para muitos foi buscar o atendimento nos caixas, onde ainda era possível encontrar dinheiro. Com isso, dezenas de pessoas se aglomeravam em uma longa espera que superava facilmente 60 minutos. O estudante Adriano Pomarico já estava conformado com o atraso das contas. “Vou ter que atrasar o condomínio. Não sabia da greve e não consigo sacar o valor para pagar diretamente ao síndico”, lamenta.
O problema deve permanecer pelo menos por mais uma semana. Ontem, representantes do sindicato dos trabalhadores e das empresas se reuniram em audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Belo Horizonte. Enquanto os trabalhadores lutavam pelos 27% de aumento salarial, as empresas ofereciam aumento de 4,5%. Até o fechamento desta edição, as partes não haviam chegado a um acordo. “Mesmo que a greve seja encerrada imediatamente, ainda levaria entre sete e 10 dias para que a situação seja completamente regularizada”, garantiu Arifa. A categoria reivindica também plano de saúde, melhores condições de trabalho e vale-alimentação sem desconto na folha de pagamento.
Alternativas
Para amenizar o problema, o Bradesco chegou a reduzir os limites para saques. O Itaú reconheceu a dificuldade em garantir a oferta de valores nos terminais de atendimento e caixas eletrônicos e orientou os clientes. “É possível usar DOCs, TEDs, cheques e cartões de débito e crédito”, afirmou em nota. As demais instituições financeiras informaram que mantêm regime de contingência.
Depois de três dias de tentativas, o motorista Paulo Antônio Ferreira finalmente conseguiu fazer a retirada de dinheiro ontem. “Desde sexta-feira estou tentando. Fui a pelo menos três agências. Em todas, o caixa eletrônico estava indisponível para saque”, conta. A promotora de vendas Gisele Carvalho resolveu encarar, desanimada, a fila que se formava em uma agência do Bradesco. Dos cinco caixas disponíveis, apenas um ainda tinha dinheiro. “Ainda corro o risco de chegar a minha vez e o dinheiro ter acabado”, lamentou.
Mau atendimento, o vilão
O mau atendimento está entre os principais problemas enfrentados pelos clientes quando vão ao banco. Segundo pesquisa do instituto Data Popular, 71,7% dos correntistas disseram ser mal atendidos nas agências bancárias, enquanto 58% dos 5.182 entrevistados se sentem prejudicados pela instituição financeira. Eles acreditam que estão sendo enganados pelo banco quando o assunto são as taxas de juros e tarifas.
“Percebemos um alto nível de desconfiança dos brasileiros em relação às ofertas dos bancos”, afirma o sócio diretor do Data Popular, Renato Meirelles. Não é por acaso que 58,7% dos correntistas mudariam de banco no caso de o concorrente oferecer taxas de juros mais competitivas. “A portabilidade, no entanto, ainda é desconhecida por boa parte dos brasileiros”, observa Meirelles.
Mas o cenário caminha para mudanças. Segundo levantamento do Banco Central, em agosto foram realizadas 50.337 operações de transferência da dívida entre instituições financeiras. O resultado é recorde e representa expansão de 30% em relação ao volume registrado no mesmo mês de 2011.
Na disputa de quem detém as menores taxas de juros, os bancos públicos saem ganhando na percepção dos consumidores. Entre os entrevistados, 53% acreditam que as instituições financeiras públicas oferecem produtos com o menor custo aos clientes, enquanto 35,3% não conseguem identificar qual é a mais vantajosa.
Considerados os seis maiores bancos do sistema financeiro nacional, a Caixa Econômica Federal (CEF) foi apontada como a que oferece as menores taxas entre 39,2% dos participantes da pesquisa. Em seguida está o Banco do Brasil (13,8%). Bradesco (4,7%), Itaú Unibanco (3,8%), Santander (2,7) e HSBC (0,5%) completam a lista.
Entraves
Outro grande entrave enfrentado pelo correntista está a utilização dos caixas eletrônicos. Pelo menos 88% das pessoas consideram difícil manusear as máquinas de auto-atendimento, contra apenas 12% que acham o processo fácil. “A diversidade de informações requisitadas pelos bancos no autoatendimento, além dos recursos gráficos apresentados nas telas das máquinas eletrônicas, provoca uma percepção ruim aos correntista. Quase nove em 10 afirmam ser o caixa eletrônico de difícil utilização”, afirma Meirelles.
Há uma semana funcionários das empresas de transporte de valores do estado estão parados para reivindicar reajuste de 27% dos salários. “Seis empresas prestam o serviço hoje. Cada dia, um grupo paralisa as atividades”, explica Arifa Prates, diretor financeiro do Sindicato dos Empregados em Empresas de Transporte de Valores do Estado de Minas Gerais (Sintrav-MG). Ontem foi a vez da Rodoban, Proforte e Embraforte interromperem a distribuição de dinheiro nas agências da região metropolitana.
Com o desabastecimento, o cenário que se via nos bancos era desanimador. Não foi difícil encontrar agências nas quais menos da metade dos terminais estava em operação. Naquelas em que o serviço ainda funcionava, as filas tinham mais de 20 pessoas com quase uma hora de espera. A saída para muitos foi buscar o atendimento nos caixas, onde ainda era possível encontrar dinheiro. Com isso, dezenas de pessoas se aglomeravam em uma longa espera que superava facilmente 60 minutos. O estudante Adriano Pomarico já estava conformado com o atraso das contas. “Vou ter que atrasar o condomínio. Não sabia da greve e não consigo sacar o valor para pagar diretamente ao síndico”, lamenta.
O problema deve permanecer pelo menos por mais uma semana. Ontem, representantes do sindicato dos trabalhadores e das empresas se reuniram em audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Belo Horizonte. Enquanto os trabalhadores lutavam pelos 27% de aumento salarial, as empresas ofereciam aumento de 4,5%. Até o fechamento desta edição, as partes não haviam chegado a um acordo. “Mesmo que a greve seja encerrada imediatamente, ainda levaria entre sete e 10 dias para que a situação seja completamente regularizada”, garantiu Arifa. A categoria reivindica também plano de saúde, melhores condições de trabalho e vale-alimentação sem desconto na folha de pagamento.
Alternativas
Para amenizar o problema, o Bradesco chegou a reduzir os limites para saques. O Itaú reconheceu a dificuldade em garantir a oferta de valores nos terminais de atendimento e caixas eletrônicos e orientou os clientes. “É possível usar DOCs, TEDs, cheques e cartões de débito e crédito”, afirmou em nota. As demais instituições financeiras informaram que mantêm regime de contingência.
Depois de três dias de tentativas, o motorista Paulo Antônio Ferreira finalmente conseguiu fazer a retirada de dinheiro ontem. “Desde sexta-feira estou tentando. Fui a pelo menos três agências. Em todas, o caixa eletrônico estava indisponível para saque”, conta. A promotora de vendas Gisele Carvalho resolveu encarar, desanimada, a fila que se formava em uma agência do Bradesco. Dos cinco caixas disponíveis, apenas um ainda tinha dinheiro. “Ainda corro o risco de chegar a minha vez e o dinheiro ter acabado”, lamentou.
Mau atendimento, o vilão
O mau atendimento está entre os principais problemas enfrentados pelos clientes quando vão ao banco. Segundo pesquisa do instituto Data Popular, 71,7% dos correntistas disseram ser mal atendidos nas agências bancárias, enquanto 58% dos 5.182 entrevistados se sentem prejudicados pela instituição financeira. Eles acreditam que estão sendo enganados pelo banco quando o assunto são as taxas de juros e tarifas.
“Percebemos um alto nível de desconfiança dos brasileiros em relação às ofertas dos bancos”, afirma o sócio diretor do Data Popular, Renato Meirelles. Não é por acaso que 58,7% dos correntistas mudariam de banco no caso de o concorrente oferecer taxas de juros mais competitivas. “A portabilidade, no entanto, ainda é desconhecida por boa parte dos brasileiros”, observa Meirelles.
Mas o cenário caminha para mudanças. Segundo levantamento do Banco Central, em agosto foram realizadas 50.337 operações de transferência da dívida entre instituições financeiras. O resultado é recorde e representa expansão de 30% em relação ao volume registrado no mesmo mês de 2011.
Na disputa de quem detém as menores taxas de juros, os bancos públicos saem ganhando na percepção dos consumidores. Entre os entrevistados, 53% acreditam que as instituições financeiras públicas oferecem produtos com o menor custo aos clientes, enquanto 35,3% não conseguem identificar qual é a mais vantajosa.
Considerados os seis maiores bancos do sistema financeiro nacional, a Caixa Econômica Federal (CEF) foi apontada como a que oferece as menores taxas entre 39,2% dos participantes da pesquisa. Em seguida está o Banco do Brasil (13,8%). Bradesco (4,7%), Itaú Unibanco (3,8%), Santander (2,7) e HSBC (0,5%) completam a lista.
Entraves
Outro grande entrave enfrentado pelo correntista está a utilização dos caixas eletrônicos. Pelo menos 88% das pessoas consideram difícil manusear as máquinas de auto-atendimento, contra apenas 12% que acham o processo fácil. “A diversidade de informações requisitadas pelos bancos no autoatendimento, além dos recursos gráficos apresentados nas telas das máquinas eletrônicas, provoca uma percepção ruim aos correntista. Quase nove em 10 afirmam ser o caixa eletrônico de difícil utilização”, afirma Meirelles.