O dólar segue em queda ante o real nesta terça-feira, em linha com o movimento da moeda norte-americana verificado no exterior. Porém, a continuidade da trajetória descendente não deve ser capaz de acionar o Banco Central no mercado cambial doméstico, com os próprios agentes financeiros fazendo os ajustes de modo que o dólar não se aproxime perigosamente do piso de R$ 2,00. Ainda assim, o sentimento de cautela no exterior, antes da decisão da Corte alemã sobre o fundo de resgate da zona do euro e também da reunião de política monetária do Federal Reserve, tende a manter a oscilação da taxa de câmbio brasileira entre margens estreitas.
O contrato futuro do dólar para outubro abriu em queda e, por volta das 9h25, tinha leve baixa de 0,05%, cotado a R$ 2,0285, de R$ 2,025 (-0,22%), na mínima. No mercado de balcão, o dólar à vista valia R$ 2,022, com ligeira desvalorização de 0,10%, depois de abrir em queda de 0,20%, a R$ 2,020.
Segundo operadores das mesas de câmbio, o dólar replica nos negócios locais o sinal negativo que prevalece nos mercados internacionais. Mas o terreno para a moeda norte-americana seguir em queda é menor, diante da proximidade do piso. Na opinião do gerente da mesa de câmbio de uma corretora paulista, não há risco de o nível de R$ 2,00 ser tocado nesta sessão, o que manteria o BC afastado do mercado, com os próprios agentes entrando com compras e deixando a moeda estrangeira rondando a estabilidade.
Por volta do horário acima, em Nova York, o euro subia a US$ 1,2786, de US$ 1,2759 no fim da tarde de segunda-feira; o dólar norte-americano perdia 0,53% ante o dólar australiano e recuava 0,50% ante o dólar canadense.
Os negócios no exterior seguem à espera de eventos importantes na Europa e nos Estados Unidos, a partir de amanhã. O Tribunal Constitucional da Alemanha confirmou hoje que vai julgar sobre a legalidade do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM) e do pacto fiscal europeu nesta quarta-feira, como estava previsto. Havia receio de que uma moção apresentada no fim de semana pudesse adiar a decisão.
Já a reunião de política monetária do Fed começa na quarta-feira (12) e termina na quinta-feira (13). É grande a expectativa dos investidores em relação à possibilidade de que o BC dos EUA anuncie uma terceira edição do programa de relaxamento quantitativo (QE3), o que pode prolongar a fraqueza do dólar ao redor do mundo. Aqui no Brasil, porém, especialistas são céticos quanto a uma eventual ruptura do piso de R$ 2,00, que só deve ser sustentada em meio a um fluxo financeiro constante.
Ainda internamente, o mercado brasileiro acompanha o detalhamento do pacote para o setor de energia. A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciam oficialmente as mudanças na manhã desta terça-feira. Por enquanto, sabe-se que haverá redução no preço da energia para consumidores residenciais (16,2%) e industriais (até 28%).