A cervejaria Schincariol, que adquire 99% da energia consumida no mercado livre de energia, acredita que o pacote de medidas do governo de redução da tarifa de energia não irá estimulá-la a mudar a sua estratégia de compra do insumo. Ao migrar do mercado cativo para o mercado livre, a empresa conseguiu uma retração do custo da energia de 37%, o equivalente a R$ 16 milhões por ano.
"Não acredito que as medidas terão efeito tão rápido quanto se espera. O governo, as geradoras que tiveram as concessões renovadas e as distribuidoras terão que negociar os contratos, o que exigirá tempo. A curva de queda de preço deve ser um pouco lenta", afirmou o gerente geral da Schincariol, César Bardelin, após participar do evento Energy Summit 2012.
O executivo afirma que ainda irá estudar os efeitos do pacote do governo para avaliar as vantagens de preços do mercados livre sobre o cativo. Mas, antecipadamente, acredita que o porcentual de vantagem do mercado livre não deverá ser inferior aos 28% de redução tarifária esperada para o mercado cativo. Ele ressalta que os 28% são o limite do desconto, que deverá favorecer apenas o grupo de consumidores eletrointensivos. Além disso, a vantagem exclusiva ao mercado cativo será a relativa à renovação das concessões, já que a desoneração da conta de luz valerá também para o mercado livre.
Bardelin informou ainda que a Schincariol avalia o investimento em uma unidade geradora de energia, o que tornaria a empresa uma autoprodutora. No entanto, os planos serão revistos, por causa das novas medidas do setor. "Teremos que refazer as contas. É claro que as medidas reduzem a tarifa e, com isso, ameaçam o investimento", destacou o gerente da Schincariol, que adiantou que a empresa tem interesse, sobretudo, no investimento em geração eólica.