Os juros das operações de crédito do comércio tiveram a sexta baixa do ano e atingiram o menor nível desde 1995. A taxa média teve uma redução de 1,63%, passando de 6,12% ao mês em julho, para 6,02% ao mês em agosto, segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Entre as seis modalidades de crédito, a única que não registrou diminuição em agosto foi a taxa do rotativo do cartão de crédito, que insiste em não ceder e se manteve estável no mês. A taxa média mensal permaneceu em 10,69% (238,30% ao ano), a maior registrada desde junho de 2000, e foi motivo de reclamação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Nessa quarta-feira, ele admitiu que a taxa cobrada no rotativo do cartão de crédito é muito alta. Ele defendeu que o Brasil precisa evoluir em relação ao financiamento dessa forma de pagamento. Em sua opinião, a quitação mínima da fatura deveria ser bem superior aos 15% exigidos atualmente, por exemplo.
A baixa concorrência no mercado de cartões ajuda a explicar a resistência na queda dos juros cobrados por essa modalidade de crédito. “Há uma concentração nas mãos da Redecard (com a bandeira Mastercard) e da Cielo (com a Visa). As duas têm 90% do mercado. E os emissores dos cartões são os grandes bancos”, afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac. O elevado índice de inadimplência, segundo ele, ajuda a explicar os juros elevados cobrado pelo dinheiro de plástico. Depois do cartão, os juros mais altos registrados são os do cheque especial (8,05%) e de empréstimo pessoal em financeiras (7,67%).
É importante ressaltar que o Banco Central reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 40% de julho do ano passado até agosto, passando 12,5% para 7,5% ao ano. No mesmo período, a taxa média para pessoa física teve redução de 16,11%, passando de 121,21% ao ano em julho de 2011 para 101,68% anuais em agosto. “A tendência é de que a taxa de juros continue caindo nos próximos meses. Mas é preciso lembrar que elas ainda estão elevada. O consumidor deve evitar financiamento de longo prazo”, alerta Oliveira. Ele lembra que os juros cobrados em outros países, como na Europa e nos Estados Unidos, variam de 5% a 20% ao ano, dependendo da modalidade de crédito.
O diretor da Corval Corretora de Valores, Juliano Pinheiro, lembra que a taxa de juros cobrada pelo cartão no Brasil muitas vezes chega a ser 10 vezes maior do que em outros países. “O nível de inadimplência é alto, em função principalmente da taxa de juros”, diz Pinheiro.
A auxiliar de escolar Maria de Fátima Dias ficou dois anos sem cartão de crédito. “A minha dívida estava uma verdadeira bola de neve. Tive que refinanciar o débito. Depois disso, resolvi ficar um tempo pagando tudo à vista”, diz. Recentemente ela voltou a usar o cartão. Mas agora afirma que só vai quitar a conta em dia. “Já paguei muitos juros. A conta mesmo era pequena, mas como deixei acumular, ficou alta”, diz. (Com Victor Martins)
Inadimplência em ritmo menor
A inadimplência do consumidor brasileiro cresceu 16,2% de janeiro a agosto. Apesar da alta, o ritmo é inferior ao verificado em 2011, quando acumulou aumento de 23,4% nos primeiros oito meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2010. Os dados são do Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor.
Na comparação de agosto com o mesmo mês do ano anterior, a inadimplência do consumidor cresceu 7%. Foi o menor ritmo de expansão anual, isso é, comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, desde agosto de 2010. “O crescimento da inadimplência vem perdendo força. O consumidor tem se beneficiado da redução da taxa de juros nos bancos, pode fazer a portabilidade (troca de dívida), os lotes de restituição do Imposto de Renda têm sido recordes e houve antecipação da primeira parcela do 13º salário dos aposentados e pensionistas do INSS”, avalia Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian.
O valor médio das dívidas com os bancos apresentou queda de 2,2% de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período de 2011. Já os títulos protestados, as dívidas não bancárias e os cheques sem fundos tiveram alta de 7,1%, 5,7% e 11,3%, respectivamente. “O cheque tem muita influência do micro e pequeno empresário, que muitas vezes usa essa forma de pagamento”, explica Almeida. Na sua avaliação, a inadimplência vai seguir em queda gradual nos próximos meses e deve chegar ao fim do ano menor do que em 2011, quando registrou 21,5%. (GC)
A baixa concorrência no mercado de cartões ajuda a explicar a resistência na queda dos juros cobrados por essa modalidade de crédito. “Há uma concentração nas mãos da Redecard (com a bandeira Mastercard) e da Cielo (com a Visa). As duas têm 90% do mercado. E os emissores dos cartões são os grandes bancos”, afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac. O elevado índice de inadimplência, segundo ele, ajuda a explicar os juros elevados cobrado pelo dinheiro de plástico. Depois do cartão, os juros mais altos registrados são os do cheque especial (8,05%) e de empréstimo pessoal em financeiras (7,67%).
É importante ressaltar que o Banco Central reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 40% de julho do ano passado até agosto, passando 12,5% para 7,5% ao ano. No mesmo período, a taxa média para pessoa física teve redução de 16,11%, passando de 121,21% ao ano em julho de 2011 para 101,68% anuais em agosto. “A tendência é de que a taxa de juros continue caindo nos próximos meses. Mas é preciso lembrar que elas ainda estão elevada. O consumidor deve evitar financiamento de longo prazo”, alerta Oliveira. Ele lembra que os juros cobrados em outros países, como na Europa e nos Estados Unidos, variam de 5% a 20% ao ano, dependendo da modalidade de crédito.
O diretor da Corval Corretora de Valores, Juliano Pinheiro, lembra que a taxa de juros cobrada pelo cartão no Brasil muitas vezes chega a ser 10 vezes maior do que em outros países. “O nível de inadimplência é alto, em função principalmente da taxa de juros”, diz Pinheiro.
A auxiliar de escolar Maria de Fátima Dias ficou dois anos sem cartão de crédito. “A minha dívida estava uma verdadeira bola de neve. Tive que refinanciar o débito. Depois disso, resolvi ficar um tempo pagando tudo à vista”, diz. Recentemente ela voltou a usar o cartão. Mas agora afirma que só vai quitar a conta em dia. “Já paguei muitos juros. A conta mesmo era pequena, mas como deixei acumular, ficou alta”, diz. (Com Victor Martins)
Inadimplência em ritmo menor
A inadimplência do consumidor brasileiro cresceu 16,2% de janeiro a agosto. Apesar da alta, o ritmo é inferior ao verificado em 2011, quando acumulou aumento de 23,4% nos primeiros oito meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2010. Os dados são do Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor.
Na comparação de agosto com o mesmo mês do ano anterior, a inadimplência do consumidor cresceu 7%. Foi o menor ritmo de expansão anual, isso é, comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, desde agosto de 2010. “O crescimento da inadimplência vem perdendo força. O consumidor tem se beneficiado da redução da taxa de juros nos bancos, pode fazer a portabilidade (troca de dívida), os lotes de restituição do Imposto de Renda têm sido recordes e houve antecipação da primeira parcela do 13º salário dos aposentados e pensionistas do INSS”, avalia Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian.
O valor médio das dívidas com os bancos apresentou queda de 2,2% de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período de 2011. Já os títulos protestados, as dívidas não bancárias e os cheques sem fundos tiveram alta de 7,1%, 5,7% e 11,3%, respectivamente. “O cheque tem muita influência do micro e pequeno empresário, que muitas vezes usa essa forma de pagamento”, explica Almeida. Na sua avaliação, a inadimplência vai seguir em queda gradual nos próximos meses e deve chegar ao fim do ano menor do que em 2011, quando registrou 21,5%. (GC)