A perspectiva de redução do ritmo de crescimento global em 2012 já se transformou em unanimidade. Nesta quinta-feira, Estados Unidos e Brasil acrescentaram ao bolo suas projeções oficiais de desaceleração, em linha com os dados anteriores da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da China.
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) cortou nesta quinta-feira as expectativas de aumento de seu Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, a um ritmo entre 1,7 e 2,0%, contra 1,9-2,4% dado em junho. A entidade revisou para cima sua previsão de crescimento para a economia norte-americana para 2013 entre 2,5 e 3,0%, contra uma estimativa anterior entre 2,2 e 2,8%.
Para estimular a economia, a entidade anunciou um novo programa de compra de bônus, a partir de sexta-feira, de 40 bilhões de dólares por mês. O presidente do Fed, Ben Bernanke, disse que os últimos dados "confirmam que o ritmo moderado de crescimento continua sendo insuficiente para gerar progressos importante no combate ao desemprego". O Fed também anunciou que manterá as taxas de juros a um nível próximo de zero até meados de 2015, seis meses mais que o previsto inicialmente.
O Banco Central do Brasil, por sua vez, já havia reduzido ao final de agosto a taxa básica de juros de 8% a um novo mínimo histórico de 7,5% anual, o nono corte consecutivo desde agosto de 2011. Nesta quinta-feira, o Ministério da Fazenda reduziu de 3 a 2% a previsão de crescimento do PIB para este ano. O ministro de Economia, Guido Mantega, afirmou que a economia já está dando sinais de reativação e estimou que o PIB brasileiro crescerá acima de 4% em 2013.
A economia brasileira, a sexta do mundo, acumula apenas 0,6% de expansão no primeiro semestre. O mercado estima que ela avançará apenas 1,6% em 2012 e que a indústria se contrairá 1,89%. A economia brasileira cresceu 2,7% em 2011, após uma expansão de 7,5% em 2010.
Para a analista Silvia Matos, da Fundação Getúlio Vargas, "é hora de o Ministério da Fazenda tomar medidas. "Uma inflação resistente e um PIB baixo são uma combinação fatal e é isso que o Brasil enfrenta agora", afirmou.
O ministro Mantega confirmou nesta quinta-feira que o governo estará atento a possíveis repercussões dessa nova expansão monetária praticada pelo Banco Central dos EUA. "Se houver alguma entrada indesejada de recursos no Brasil no curto prazo, tomaremos as medidas adequadas", disse.
Segundo o FMI, o moderado progresso do Brasil em 2012 irá se sobrepor ao da Europa (-0,3%), mas estará enormemente abaixo da média mundial anunciado para 2012 de 3,5%, do México (3,9%) ou da China (7,5%).
A China projeta estabilizar sua economia com novas medidas monetárias e fiscais após sua desaceleração, disse nesta terça-feira o primeiro-ministro do país, Wen Jiabao. "O crescimento econômico segue dentro dos limites fixados no início do ano e mostra sinais de estabilização, apesar da desaceleração", disse Wen no discurso inaugural do Fórum Econômico Mundial, que termina nesta quinta-feira.