A Espanha se comprometeu nesta sexta-feira ante seus sócios da Zona Euro a aprovar um plano de reformas através do qual tentará provar que já está no caminho do crescimento e evitar assim novas condições no caso de vir a pedir um resgate amplo de sua economia.
"A Espanha adotará um plano nacional de reformas para estimular o crescimento e a competitividade, que será anunciado no dia 27 de setembro", anunciou o ministro espanhol da Economia, Luis De Guindos, sem, no entanto, revelar detalhes sobre quais setores serão afetados.
O objetivo é cumprir com a meta de déficit fiscal de 6,3% de seu PIB este ano, 4,5% em 2013 e 2,8% em 2014. Contudo, também visa mostrar a seus sócios "o compromisso espanhol com as reformas" exigidas por Bruxelas.
De Guindos, no entanto, destacou que será um "programa nacional de reformas, mas não de cortes" e que está "de acordo com as recomendações feitas pela Comissão Europeia (CE) em maio". "O compromisso fundamental é com o déficit público e com as reformas econômicas. É um passo para mostrar o compromisso espanhol com a melhoria da competitividade", enfatizou.
A Espanha, que já obteve em junho uma promessa de auxílio da Zona Euro de até 100 bilhões de euros para sanear seus bancos, está submetida a uma enorme pressão para solicitar um resgate mais amplo, que permita ativar uma intervenção do Banco Central Europeu (BCE) nos mercados da dívida.
O pedido formal de ajuda é uma das condições do BCE para comprar a dívida de curto prazo de forma ilimitada no mercado secundário de países como Espanha ou Itália e assim aliviar os custos exorbitantes dos financiamentos dos últimos meses nos mercados.
O ministro destacou, no entanto, que se trata de "um programa nacional de reformas, mas não de cortes" e que está "em linha com as recomendações feitas pela Comissão Europeia (CE) em maio. Contudo, pontualizou, este plano tem "um calendário concreto".
Dessa maneira, o ministro se adiantou aos sócios mais duros da Zona Euro, que poderiam pedir-lhe novas condições em troca de um eventual resgate amplo. Os esforços foram bem recebidos pelo Eurogrupo. "A Espanha garantiu que a meta fiscal para este ano está ao alcance da mão", disse Juncker.
De Guindos "reiterou o pleno compromisso das autoridades espanholas para cumprir os objetivos de déficit, como exige a recomendação sobre déficit excessivo, que inclui a adoção de medidas adicionais se for necessário", precisou.
Participaram ainda da reunião a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi. Pela tarde, se juntaram ao grupo os ministros de Economia da UE. Contudo, este plano de reformas é um trago amargo para os espanhóis.
A quarta economia da Zona Euro, cujo principal motor de crescimento, a construção, foi derrubada em 2008, voltou a cair em recessão nos últimos meses e tem um desemprego que afeta a quase um quarto da população ativa.
A Espanha se beneficia há dias de uma importante distensão nos mercados, devido principalmente aos rumores sobre uma próxima demanda de ajuda global. Em outubro, o país deve enfrentar importantes vencimentos de sua dívida.
A reunião de Chipre ocorre após uma semana de boas novas para o euro. A Corte Constitucional alemã ratificou na quarta-feira a adoção pelo governo alemão do MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade) e do pacto fiscal europeu.
O mecanismo será utilizado, entre outras coisas, para injetar diretamente capital nos bancos espanhóis, asfixiados após o estouro da bolha imobiliária, evitando assim que o Estado arque com o crédito.
O fundo de resgate permanente, desenhado para resgatar as economias mais fragilizadas da Zona Euro, estará "operante" no final de outubro, anunciou Juncker. O estabelecimento deste mecanismo é crucial para a Espanha, cuja dívida pública alcançou 75,9% do PIB ao final de junho, um novo recorde histórico.
E tudo indica que os europeus darão mais tempo à Grécia para cumprir seus prazos com Bruxelas. "Há vários caminhos para realizar os ajustes (...) o tempo pode ser considerado como uma opção possível", disse Lagarde.
O primeiro ministro grego, Antonis Samaras, prevê pedir um adiamento de dois anos ao cumprimento dos objetivos de redução do déficit público, exigidos em troca do plano de ajuda de 130 bilhões de euros.