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Estado de Minas

Gastos com transportes superam em quase três vezes as despesas com saúde

Com 16% do total, locomoção consome o mesmo que a comida


postado em 15/09/2012 07:49 / atualizado em 15/09/2012 07:53

Sob pressão do trânsito caótico e do crescimento desordenado dos grandes centros, os brasileiros passaram a gastar no transporte do dia a dia tanto quanto com a comida consumida dentro e fora de casa e quase três vezes mais do que desembolsam com a saúde. A locomoção abocanha 16% da despesa média mensal familiar no país, praticamente o mesmo percentual, de 16,1%, do gasto mais essencial, com os alimentos, e quase o triplo dos 5,9% desembolsados com a saúde, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/2009, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Do total de R$ 2.626,31 gastos todo mês, em média, R$ 419 vão para o transporte, ao passo que a alimentação custa R$ 421. A assistência médica fica com pouco mais de R$ 150.

Quem se assusta ao ver a inflação corroendo o bolso no açougue e no sacolão pode não ter percebido a evolução das contas das passagens de ônibus, metrô e do trem, da gasolina e do álcool, da bandeirada do táxi e dos custos da aquisição e manutenção do automóvel. A situação mudou em relação ao levantamento do IBGE em 2002 e 2003, quando as despesa total era de R$ 1.674,56. Naquela época, os alimentos participavam com 16,9% do orçamento global, enquanto o transporte representava 15,1%. Para cuidar da saúde, as famílias destinavam, à época, 5,7% do orçamento.

O carro-chefe dos gastos dos brasileiros, no entanto, continua sendo a habitação, responsável por 29,2% da despesa familiar. Esse custo, que inclui aluguéis, tarifas públicas, a própria manutenção do lar, artigos de limpeza e eletrodomésticos, soma R$ 766, em média, pela POF 2008/2009.

Em linhas gerais, a elevação do orçamento familiar é reflexo do crescimento também recente dos rendimentos no país, observa Luciene Longo, analista do IBGE em Minas Gerais. Para o economista Mário Rodarte, pesquisador do Centro de Planejamento e Desenvolvimento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas (Face)/UFMG, o empate entre os gastos com transporte e alimentação surpreende. “Mostra um problema crônico das nossas cidades, que têm espaços compactos onde a locomoção deveria ter baixo custo”, afirma.

Os brasileiros que mais sentiram no bolso a alta do transporte estão nos extremos da pirâmide social: os empregadores viram as despesas no período analisado pelo IBGE subirem de 20,1% para 22,9%, enquanto os trabalhadores domésticos absorveram aumento de 9,5% para 11,9% em 2008/2009. Os empregados domésticos sofrem mais, tendo em vista que quase 59% das despesas deles só pagam alimentos e moradia.

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