Apesar de não ter feito crítica aberta à iniciativa do Banco Central (BC) de reduzir a taxa adicional do compulsório e permitido que até metade do depósito compulsório seja usada para aquisição de carteiras de crédito e Letras Financeiras, o ex-diretor do Banco Central (BC) entre 1985 e 1988, Carlos Thadeu de Freitas, fez algumas ponderações. Para ele, que participou nesta segunda-feira de uma reunião de economistas que discutiram "O Desafio do Crescimento" na sede da Fecomercio-SP, a medida está alinhada com um governo que, no momento, está ativista economicamente.
O BC anunciou no começo da noite de sexta-feira a redução da taxa adicional do compulsório sobre depósitos à vista (de 6% para zero) e a prazo (de 12% para 11%). Além disso passou a permitir que até metade do compulsório possa ser usado para a aquisição de carteiras de crédito e Letras Financeiras dos bancos. "Os BCs precisam ter um grau de independência em relação ao resto do governo. Em momentos em que o governo está mais ativo, o BC precisa ser mais passivo", disse o ex-BC, ao explicar que o conjunto de estímulos econômicos que vem sendo dado pelo governo deveria ser acompanhado por movimentos mais cautelosos e parcimoniosos por parte do Banco Central.
Como exemplo, Freitas cita o que está acontecendo agora nos Estados Unidos. "Como o governo está mais passivo, o Fed está mais ativo", disse, ao se referir ao lançamento do afrouxamento quantitativo (QE3) que o Fed anunciou na semana passada e que visa compras de US$ 40 bilhões em títulos. "Aqui, era para o BC estar mais passivo. Não era para ter anunciado esta medida de compulsório agora", disse, acrescentando que governo e BC só deveriam estar ativos ao mesmo tempo em época de crise muito forte.