O estoque de muitas empresas para os carros populares é insuficiente para atender a demanda por vários motivos, desde a decisão de concessionárias de não renovar o pátio por terem desconfiado que o governo não prorrogaria a diminuição do tributo à greve de caminhoneiros, que prejudicaram a entrega de pedidos. Já os automóveis de preços maiores, que estão disponíveis nas revendas, são alvos de vários benefícios, além da própria redução do IPI.
Para se ter ideia, na concessionária Kia Brisa (coreana), a promoção “Quero meu Kia hoje” estabeleceu taxa de 0% para a linha Soul (U.174), Cerato (E.283) e Sorento (S.658). A entrada é de 50% e o restante pode ser quitado em até 24 vezes. O Kia Cerato, que por exemplo sai a R$ 64,2 mil à vista, terá valor final de R$ 64,7 mil na compra a prazo. No Soul, os valores também mudam pouco, de R$ 68,9 mil para R$ 69,45 mil. Por sua vez, o do Sorento sobe “apenas” de R$ 126,4 mil para
R$ 127,89 mil. É bom lembrar, porém, que o frete não está incluso. Da mesma forma não entram nesses valores, as tarifas de cadastro, devidas à instituição financeira, a de contrato e o registro Gravame.
“Os descontos estão maiores, abaixo dos preços do ano passado. Houve altas do IPI e variação cambial representativa, mas a fábrica e a distribuidora absorveram esses custos para não repassá-los ao consumidor final. Alguns preços foram mantidos e, em alguns casos, estão abaixo. Houve um reposicionamento das marcas, uma adequação de produtos. As montadoras passaram a focar nos produtos mais competitivos, passaram a importar apenas os carros que ofereciam custo-benefício satisfatório no mercado atual. Portanto, os carros que estão disponíveis hoje são altamente competitivos, dentro da nova realidade”, diz Ruy Carlos Barbosa, diretor da Kia Brisa.
Vantagens
O gerente de Vendas da Banzai Honda, Carlos Henrique Castro, explica que a montadora japonesa também reduziu o preço dos veículos. Para melhorar as vendas, a concessionária ofereceu emplacamento e IPVA grátis, além da redução nas taxas para financiamento. Para o próximo fim de semana, explica o executivo, os modelos de novos e seminovos vêm com taxa mensal de 0,99% e de 12,55% ao ano. A entrada é de 30% do valor, com o restante em 36 mensais de R$ 990. “Caso o IPI seja prorrogado (a partir do fim de outubro), a expectativa é de crescimento acentuado. Do contrário, teremos retração nas vendas”, avalia. De janeiro a agosto, os negócios na concessionária cresceram 33% em relação ao mesmo período do ano passado.
O gerente substituto do departamento de Vendas da Pisa Ford, Vinícius Patente, propagandeia um Fusion, modelo V6, a preço “excelente”. Ele só revela o valor para quem for à loja, mas garante que a cifra é extremamente atraente. Já os modelos populares, como o Ka e o Fiesta, estão em falta. “Quem deixar para comprar carro (popular) em outubro corre o risco de perder a vantagem do IPI. Neste ano, quando ocorreu a redução do imposto, a indústria já havia feito o corte de produção. Veículos como o KA e o Fiesta 1.0 demoram de 20 dias a um mês para ser entregues”, alerta. O perigo de perder o IPI reduzido ocorre porque a nota fiscal só é emitida com a liberação do carro pela montadora.
A Strada, concessionária da Fiat, também fará promoção, agendada para sábado. Por outro lado, assim como em boa parte das empresas do setor, as marcas mais em conta não estão disponíveis para pronta-entrega. “Há poucas unidades do Palio. Depois que elas acabarem, a espera pode ser de 30 a 45 dias. Para o Grande Siena, o prazo é de quase 60 dias. A demanda é maior do que a oferta”, explica Élcio Cota, supervisor da empresa. . O gerente de vendas da Carbel, Paulo César Gouveia, comemora as vendas 20% maiores desde a redução do IPI. Ele diz que não tem problemas com estoques reduzidos, mas garante que a concessionária volkswagen também aposta em promoções para alavancar ainda mais os negócios.