A volta das ações da Usiminas à lista das maiores baixas do Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), no pregão de ontem passou sem alarde pelo crivo de analistas que têm acompanhado a reação – para alguns surpreendente – dos papéis da companhia mineira. As ações preferenciais (USIM5) tiveram valorização de 46% no mês até a última sexta-feira, e as ordinárias (USIM3) avançaram 42,8% no mesmo período. As opiniões se dividem entre quem vê uma empresa que encontrou o caminho favorável à recuperação e uma aposta no exagero que os investidores podem estar cometendo, mas pelo menos há consenso nas expectativas por resultados melhores da siderúrgica a partir do quarto trimestre.
O recuo de ontem pode ser um ajuste até certo ponto esperado depois da forte alta contabilizada na semana passada. No final do pregão, os papéis ordinários da Usiminas estavam cotados a R$ 13, com queda de 3,98%, e as ações preferenciais perderam 3,86%, valendo R$ 11,45. Para Rafael Weber, analista da Geração Futuro, uma avaliação retrospectiva, que lembre os momentos de Patinho Feio enfrentados pela companhia nos últimos dois anos, encontra hoje uma situação mais favorável diante das recentes medidas de estímulo à economia adotadas pelo governo federal. Na mesma direção, contribui particularmente o recuo dos preços do minério de ferro e do carvão, matérias-primas pesadas no custo de produção do aço.
“Precisamos ver e entender agora em que medida a empresa vai se beneficiar desse fluxo de notícias e do ambiente mais positivos no sentido da recuperação”, afirma Weber. Dois dos fatores mais importantes para impulsionar a Usiminas, segundo o analista, são a sobretaxação do aço importado, determinada pelo governo federal, e a redução da tarifa de energia a partir de 1º de janeiro. Estima-se que cerca de 60% dos produtos da siderúrgica serão beneficiados pela restrição aos concorrentes importados, condição decisiva para o seu esforço interno de redução de custos, observa Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora.
O pacote de investimentos em infraestrutura anunciado pelo governo chinês e o auxílio que o banco central americano, o Fed, comunicou que dará em favor da retomada da economia do país, completam a seleção de boas notícias. “A Usiminas acabou nas graças dos investidores, como todos os papéis do setor e de outros segmentos das chamadas commodities (produtos básicos cotados no mercado internacional). A empresa vai começar a recuperar, mas não dá para esperarmos números brilhantes”, afirma Galdi.
Projeções
Rafael Weber, da Geração Futuro, e Ricardo Corrêa, analista-chefe da Ativa Corretora, concordam, no entanto, que os investidores podem ter precificado as ações da companhia além da melhora que poderá ser alcançada nos resultados. A Ativa espera o retorno da Usiminas ao lucro em 2013. Weber entende que ainda há incerteza sobre a capacidade da siderúrgica de captar todos os fatores positivos e destaca o maior desafio da companhia. “O que a gente precisa ver é a empresa se tornar o mais competitiva possível sem depender desses fatores conjunturais”, diz.