O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, criticou duramente nesta terça-feira a política americana dos Estados Unidos, que, segundo, ele "pode provocar muitos problemas aos países emergentes".
Após uma reunião em Paris com o ministro das Finanças da França, Pierre Moscovici, Mantega criticou as recentes medidas do Fed (Federal Reserve, banco central americano), que anunciou na semana passada um programa adicional de estímulo à economia.
"Ficamos preocupados porque não acreditamos que isto resolva em grande medida os problemas dos Estados Unidos, mas vai provocar problemas para os países emergentes", explicou Mantega.
Segundo o ministro brasileiro, a desvalorização da moeda americana fará o Brasil perder dinheiro, já que o país tem muitas reservas em dólares. "Com a desvalorização do dólar, perdemos competitividade", completou.
Para Mantega, os Estados Unidos devem executar uma reativação orçamentária, mais do que monetária.
"Sei que eles têm problemas políticos neste momento e pode ser que, depois das eleições (presidenciais, em novembro), mudem de estratégia", afirmou.
Guido Mantega já criticou no passado a grande emissão monetária nos Estados Unidos e seus efeitos negativos para os países emergentes, chegando, inclusive, a citar a ameaça de uma "guerra cambial".
Questionado sobre a posição brasileira, Moscovici comentou que este é um tema que deve ser tratado nos fóruns multilaterais, mas concordou que as coisas podem mudar após as eleições nos Estados Unidos.
Ao falar sobre a crise na zona do euro, o ministro brasileiro estimulou os europeus a aplicar suas soluções.
"É preciso atuar mais rapidamente", afirmou.
Nas palavras de Mantega, "é necessário organizar a supervisão bancária o mais rápido possível para que o mecanismo funcione", com uma recapitalização direta dos bancos em dificuldades por meio dos fundos de resgate da Eurozona.
"Esperamos que os problemas sejam resolvidos e que o dinheiro chegue a Espanha e aos países que precisam", disse. De acordo com Mantega, os problemas "impedem avançar no tema do crescimento", uma preocupação que afeta todo o mundo.
Moscovici concordou com o ministro brasileiro. "Sabemos que devemos progredir na supervisão bancária e na aplicação de um verdadeiro programa de crescimento para a Europa".
Segundo o ministro francês, "a Europa está começando a ver a luz no fim do túnel e a recuperada confiança dos mercados também quer dizer que a fase de aguda inquietação está ficando para trás".