A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle realiza hoje audiência pública com a presidente da Petrobras, Graça Foster, que vai falar sobre o plano de negócios da empresa. Apesar de o requerimento da audiência não mencionar os prejuízos recentes da Petrobras, esse deverá ser um dos temas tratados na reunião.
A empresa teve prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre deste ano. Foi o primeiro resultado negativo da Petrobras em mais de 13 anos.
Entre os motivos que provocaram o prejuízo, a direção da companhia aponta a venda da gasolina a um preço subsidiado, o que faz parte de uma estratégia do governo para controlar a inflação. A Petrobras importa os derivados do petróleo a preços internacionais e os vende com menor valor no País.
Outra justificativa da empresa para o prejuízo é a desvalorização do Real em relação ao dólar, porque vários custos da companhia são dolarizados. Além disso, a produção de óleo diminuiu no período por causa da realização de paradas para manutenção, com o objetivo de aumentar a eficiência operacional da Petrobras.
Riscos à empresa
Apesar das explicações da empresa, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) avalia que o governo está exagerando no controle do preço dos combustíveis, impondo um custo muito alto para a Petrobras com os preços artificiais da gasolina.
“Sabemos que a Petrobras tem sido usada como um instrumento de política industrial, quando se discute a questão do conteúdo nacional, da cadeia de fornecimento. Tem sido usada também como instrumento de política econômica, para a manutenção dos preços dos combustíveis em um determinado patamar para que isso não pressione a inflação. Mas não podemos matar a galinha dos ovos de ouro. E é isso que estamos vendo acontecer”, disse Jardim.
Perspectivas de lucro
Já o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), afirmou que a Petrobras deverá recuperar as perdas, pois há perspectivas de lucro para o próximo trimestre. “A diretoria da Petrobras está fazendo os ajustes necessários para a empresa continuar produzindo e sendo orgulho dos brasileiros.”
Para reverter os prejuízos da Petrobras, o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, já defendeu o reajuste no preço da gasolina. Por outro lado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não havia perspectiva de aumento. A possibilidade de o governo autorizar o reajuste do preço da gasolina fez com que as ações da empresa subissem na Bovespa.
A audiência com a presidente da Petrobras - que terá a participação da Comissão de Minas e Energia - foi sugerida pelos deputados Edio Lopes (PMDB-RR) e Alexandre Santos (PMDB-RJ).
A reunião será realizada às 10 horas, no Plenário 9.