A nova rodada de relaxamento monetário quantitativo do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), chamada em inglês de QE3, não necessariamente trará elevação da inflação por meio da valorização das commodities e o Brasil precisa manter uma taxa de câmbio "estimulante" para o desenvolvimento produtivo, afirmou nesta quarta-feira o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
"Dependendo de como for feita (a rodada de afrouxamento), ela pode ter um pouco mais de inflação de commodities e poderia afetar preços aqui dentro. Porém, temos que contrabalançar isso com a desaceleração da China, que é a grande fonte de demanda de commodities. Então, não é certo que haverá necessariamente inflação", afirmou Coutinho após participar da cerimônia de abertura do Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae) nesta quarta e quinta-feira no Rio.
Coutinho disse que será preciso observar se os preços de commodities têm sustentação. Ele afirmou também que o Brasil tem meios de contrabalançar esse movimento "aumentando a produtividade e mantendo uma taxa de câmbio estimulante para o desenvolvimento produtivo". "Não é saudável descontar na competitividade do Brasil as distorções criadas fora", acrescentou.
O presidente do BNDES também disse que o governo está atento para o movimento do Fed. "Esse efeito não deveria distorcer a nossa taxa de câmbio. A política monetária americana está sendo feito de uma maneira a interferir de forma muito proativa nas taxas não só de curto prazo, mas também nas taxas de juros de longo prazo", completou Coutinho.