A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) informou que o total de trabalhadores em greve nesta quarta-feira na companhia é de 10.373. O levantamento foi realizado por meio da contagem de registro de ponto, mas a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos (Fentect) alega que os Correios estão "jogando os números para baixo". "É mentira da ECT dizer que os trabalhadores não aderem à greve", afirmou o secretário-geral da Fentect, Edson Dorta.
Considerando o dado dos Correios, o volume de funcionários em paralisação representa 8,9% do total. O porcentual dos que foram ao serviço é de 91,1%, conforme a empresa, bem maior do que a exigência feita nesta quarta pela juíza do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Maria Cristina Peduzzi, que determinou ao sindicato que garanta a prestação de serviços com participação de 40% dos trabalhadores em cada setor. Resta saber se o comparecimento é uniforme pelos setores da empresa, já que a ministra fixou 40% de presença em todas as áreas da companhia.
O secretário-geral da Fentect avaliou, durante audiência de conciliação no TST que terminou nesta quarta-feira, que os Correios demonstraram sua posição "intransigente". A companhia rejeitou a proposta de reajuste salarial de 5,2% mais aumento linear para todos os trabalhadores de R$ 80,00 feita pelo TST, alegando que comprometeria o caixa da empresa. A oferta dos Correios era apenas de reajuste de 5,2%. "A ECT empurrou os trabalhadores para a greve. A categoria está irritada com os Correios", disse Dorta.
O secretário denunciou que a empresa passa por um processo de desmonte e terceirização, além de tentar levar o serviço de plano de saúde para o setor privado. "Com isso, a greve vai aumentar", ameaçou. Durante a conciliação, a Fentect alegou que, como o serviço de correios não foi incluído como essencial pela Justiça, não há motivo para determinar um porcentual mínimo de 40% de trabalhadores em atividade.
Dorta lembrou que, mesmo que aceitasse a proposta do TST, a decisão final teria de ser dos trabalhadores, por meio de uma assembleia. A Federação pede aumento salarial de 43%, alegando reduções proporcionais de salário desde 1994. "Teríamos que levar à assembleia, mas já adianto que a proposta foi muito rebaixada", disse.
O vice-presidente de Gestão de Pessoas da ECT, Larry de Almeida, garantiu que os serviços para a população não serão afetados com as paralisações atuais. "Podemos cumprir os serviços essenciais" afirmou. Ele alegou que a proposta da empresa busca garantir o emprego dos funcionários e manter os preços dos serviços acessíveis à população.
A ministra do TST disse que tinha esperança de que um acordo saísse nesta quarta-feira na conciliação. "Lamento, mas acho que a conciliação é a melhor saída", disse. Ela afirmou, porém, que nada impede que as partes cheguem a um determinador comum ainda que o processo de julgamento do dissídio de greve tenha começado a tramitar.
Com essa ação na Justiça, a ECT agora discutirá apenas com a Fentect. É que havia uma tentativa de negociação paralela com o Sindicato Unidos, que engloba os funcionários da ECT na capital de São Paulo; Bauru, interior paulista; e nos Estados do Rio de Janeiro e Tocantins. Esse grupo pede reajuste de 10,2% dos salários.
As paralisações dos funcionários dos Correios também começaram no Pará e em Minas Gerais. Segundo a ECT, a greve ocorre agora em 19 Estados mais o Distrito Federal. Não aderiram ao movimento de acordo com a empresa, os Estados do Acre, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, Amapá (que não possui sindicato da categoria) e as cidades mineiras de Juiz de Fora e Uberaba. Conforme a Fentect, a greve conta com a adesão de um total de 22 a 25 sindicatos dos 35 existentes.