O avanço de 1,1% da confiança industrial, conforme prévia da Sondagem da Indústria de setembro, divulgada nesta quarta-feira pela Fundação Getúlio Vargas, foi considerado positivo por economistas. Segundo o coordenador das sondagens conjunturais do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Aloisio Campelo, pela primeira vez desde dezembro de 2009 - auge da crise americana - o indicador subiu acima de 1% por dois meses consecutivos. "É uma boa notícia porque a retomada está demorando a acontecer", disse Campelo. "O setor está ressabiado porque já houve vários acenos de retomada, mas a indústria não se recuperou. Assim, a melhora das expectativas agora deve estar ancorada em dados reais, como aumento de encomendas, e não apenas no 'feeling' dos empresários."
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) começou a perder força no fim do ano passado até ficar negativo em junho e julho deste ano. Para Campelo, o resultado prévio de setembro sinaliza uma aceleração para o quarto trimestre, diante de uma melhora das expectativas e perspectiva de um espalhamento das medidas de estímulo do governo, que até agora beneficiaram apenas alguns segmentos. O economista da FGV destaca ainda que o Índice de Expectativas (IE) da prévia de setembro, de 104,7 pontos, ficou acima da média histórica dos últimos cinco anos (103,7 pontos).
Para o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, o mais importante é a mudança de estrutura na composição da prévia da confiança industrial. Ao contrário do observado em agosto, dessa vez o maior avanço foi do Índice de Expectativas (1,6%) e não do Índice de Situação Atual (0,7%). "Aquele sentimento de que a indústria não ia andar passou. O empresário está pronto para dar o segundo passo que é o investimento", disse.
Embora não seja considerado alto, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) de 84,1%, praticamente estável em relação ao mês anterior, indica recuperação paulatina. Na visão de Leal, o País entra em um ciclo de boas notícias, que devem se intensificar com a divulgação da produção industrial de agosto pelo IBGE, no dia 2. O ABC Brasil projeta crescimento de 2% da produção industrial em agosto, com viés de alta.
"A partir de agora podemos esperar surpresas positivas. Já podemos falar em recuperação", avaliou Leal, que vê a normalização dos estoques de alguns setores industriais como o grande legado de medidas como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Ele acredita, porém, que é preciso estar alerta para uma possível "ressaca" após o fim dessas medidas.