Diante da iniciativa do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de criar um setor para fiscalizar a terceirização de serviços nos supermercados, empresas de merchandising contrárias à medida criaram um comitê, chamado O Promotor é Legal, para defender a atividade do promotor de vendas. No entendimento do ministério, esses profissionais, que são terceirizados, estariam atuando de forma irregular por também fazerem a reposição de mercadorias. Em contrapartida, as agências discordam da posição e afirmam que não se trata de uma atividade final do supermercado. E alertam que, caso a fiscalização seja mantida, pode acarretar numa série de prejuízos para o mercado, como a demissão de 5 mil profissionais em Minas e o aumento de preços.
A Superitendência Regional do MTE em Minas Gerais assinou termo de compromisso em julho com quatro grandes redes de supermercado no qual as empresas varejistas se comprometeram a acabar com a terceirização da mão de obra para atividade fim. A ação faz parte de um projeto piloto do governo federal iniciado no estado e que posteriormente será adotado em todo o país. Inclusive, deve ser criado no ministério um setor dedicado exclusivamente aos supermercados, repetindo o que é feito na construção civil, comércio varejista e outros 11 segmentos. Mas três redes varejistas não concordaram com a medida e acabaram autuadas, tendo prazo de 30 dias para se manifestar sobre o episódio.
Na avaliação de um dos representantes do comitê, Davis Bernardino, os auditores classificaram a função do promotor como atividade fim, por considerar que eles também fazem a reposição de produtos. No entanto, ele afirma haver a extrapolação da atividade de repositor. Bernardino explica que o promotor percorre diariamente quatro ou cinco supermercados em busca de melhores oportunidades para os produtos da indústria que representa. “A ideia é expor com maior destaque. Vão tentar vender o produto da melhor maneira possível”, justifica. Se aprovado pelo gerente o ponto escolhido, o promotor faz a colocação dos produtos.
Além disso, o que o diferencia do repositor é o fato de que o promotor fica responsável também por municiar a indústria de informações referentes ao produto, como o preço cobrado pelos concorrentes, a força de vendas em cada estabelecimento e até mesmo a quantidade de danos registrados nas embalagens. Os relatórios servem para a indústria reposicionar seus produtos em busca de maior competitividade. Por isso, dada a maior qualificação, a remuneração direta também é maior que a do repositor .
Auditoria do Ministério do Trabalho constatou situação diferente da relatada. Segundo o coordenador do projeto de monitoramento da terceirização, Ailton Pozzato, apesar de qualificados como promotores, os trabalhadores fazem desde o descarregamento de mercadorias dos caminhões até sua organização, preço e limpeza. Todas as tarefas são relacionadas à atividade do supermercado. E mais: a maior parte deles é contratada por empresas prestadoras de serviço e não diretamente pelas indústrias, o que é vetado. “Na verdade, são repositores”, adverte Pozzato.