O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, durante entrevista concedida nesta quinta-feira ao Financial Times, que a terceira rodada de relaxamento quantitativo da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos)é "protecionista" e vai dar início a uma nova "guerra cambial", com consequências potencialmente desastrosas para o resto do mundo.
"É preciso entender que haverá consequências", disse o ministro acrescentando que o programa de estímulo à economia do Fed "terá apenas um benefício marginal nos EUA, já que não há falta de liquidez. A liquidez não está indo para a produção". Para ele a chamada QE3 está deprimindo o dólar e impulsionando as exportações norte-americanas.
Segundo Mantega, o anúncio do Fed causou até agora apenas uma mudança nas expectativas. "A aversão ao risco caiu, e o instinto animal dos mercados cresceu", diz o ministro. Para ele, "as empresas japonesas já estavam reclamando da taxa de câmbio forte. Se um dólar mais fraco levar a uma intensificação da concorrência no comércio, isso também obrigará o Brasil a adotar medidas para impedir que o real se fortaleça".
"Eu diria que hoje a moeda está em um nível razoável, ainda sobrevalorizada frente a uma cesta de moedas dos parceiros comerciais do Brasil, mas, nos níveis atuais ela está ajudando a tornar as empresas brasileiras mais competitivas. Os EUA, a Europa e o Reino Unido são mais protecionistas do que o Brasil", acrescentou Mantega.