A desaceleração econômica no país, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo num ritmo menor, não afetou a trajetória de queda da taxa de desemprego na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O indicador caiu para 4,3% em agosto, ante 4,4% em julho e 4,3% em junho. O resultado é o melhor para um mês de agosto desde 2002. Ainda assim, o índice corresponde a 115 mil pessoas desempregadas na Grande BH. O percentual seguiu o mesmo ritmo no país, passando de 5,4% em julho para 5,3% no mês passado – também o melhor resultado dos últimos 10 anos para agosto, totalizando 1,287 milhão de desocupados no Brasil. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa registrada na Grande BH é a segunda mais baixa entre as seis regiões pesquisadas pelo IBGE, atrás apenas da de Porto Alegre (3,5%). Por outro lado, a capital mineira apurou o maior percentual (57,2%) quando observado o chamado nível de ocupação, que traduz o percentual de empregados em relação à população economicamente ativa (PEA). Há 10 anos, o percentual era inferior à metade da PEA: de 49,4%. No Brasil, esse índice foi de 54% em agosto e, no mesmo mês de 2002, 49,2%.
Os destaques na geração de emprego na capital mineira, detalha Antônio Braz, técnico do IBGE responsável pela pesquisa regional, são o setores da indústria extrativa, de transformação e produção e distribuição de eletricidade, gás e água (35 mil empregados a mais). As atividades de intermediação financeira e imobiliárias, aluguéis e serviços prestados à empresa abriram 23 mil vagas. “Os destaques negativos foram as atividades de comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos, com redução de 24 mil pessoas ocupadas. Nos serviços domésticos, a queda foi de 12 mil vagas”, acrescentou Braz.
Josiane de Paula Oliveira, de 20 anos, ajudou na queda da taxa na Grande BH. Em agosto, ela foi contratada como recepcionista pelo bufê infantil Dream Ville, em Nova Lima. “Estou muito motivada e minha perspectiva é crescer junto com a empresa”, planeja a funcionária, que estava há seis meses desempregada.
Renda
O rendimento médio real habitual dos trabalhadores na Grande BH recuou (0,6%) no mês passado, de R$ 1.734,69 para R$ 1.723,70. Em relação a agosto de 2011, houve avanço de 5,3%. O percentual, porém, é inferior ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos últimos 12 meses, encerrados em agosto (5,66%), e também calculado pelo IBGE. O indicador, na prática, é usado para medir a inflação oficial do país. “Esse recuo na renda não deve ser uma tendência, pois o mercado está aquecido e há dissídio coletivo de algumas categorias”, acredita Antônio Braz, do IBGE. Em nível nacional, o rendimento dos trabalhadores apurou alta de 1,9% entre julho e agosto, alcançando R$ 1.758,10.