Pela primeira vez na história, mais da metade dos brasileiros possui alguma economia depositada na caderneta de poupança. O investimento mais popular do País superou no primeiro semestre deste ano a marca inédita de 100 milhões de poupadores. O recorde foi alcançado justamente no período em que o governo mudou a fórmula de correção dessa aplicação. E os responsáveis por esse resultado foram, principalmente, pequenos aplicadores, apesar de o número de grandes investidores também ter crescido.
O número de pessoas com aplicações de até R$ 100 na caderneta cresceu 10% em relação a dezembro do ano passado. Isso representa o ingresso de 5 milhões de poupadores nessa faixa de investimento. Também houve aumento no número de grandes investidores. Há cerca de 350 mil pessoas com aplicações acima de R$ 10 mil. Já as poupanças com saldo entre R$ 100 e R$ 10 mil perderam participação no total. A quantidade de investidores nessa faixa caiu, com a saída de 1,2 milhão de pessoas.
Para a Caixa Econômica Federal, responsável por quase 40% da captação registrada neste ano, o desempenho da poupança pode ser atribuído, principalmente, à boa rentabilidade para aplicações no curto prazo. A queda na taxa básica de juros, que derrubou o rendimento das aplicações de renda fixa, teve impacto maior sobre fundos que cobram altas taxas de administração. A vantagem da poupança, além de não ter taxa, é a isenção de Imposto de Renda, que fica com até 22,5% do rendimento das outras aplicações de renda fixa.
"Para aplicações de até 12 meses, a poupança continua ganhando em rentabilidade, por exemplo, dos fundos de renda fixa DI com taxa de administração acima de 0,85% e dos CDBs de varejo que pagam abaixo de 88,4% do CDI", diz o vice-presidente de Pessoa Física da Caixa, Fábio Lenza. Segundo ele, mesmo com a regra nova que reduz a rentabilidade para 70% da taxa Selic, a caderneta garante um bom retorno ao investidor.