Nova York – A presidente Dilma Rousseff desembarcou ontem em Nova York disposta a levar à abertura da 67ªAssembleia Geral das Nações Unidas, amanhã, a mensagem do “multilateralismo”. Na visão da presidente, não existe momento melhor para dizer aos países ricos que a globalização, tão falada em diversos idiomas, deve ser estendida às instituições, no caso o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), hoje comandados como verdadeiros clubes fechados.
Nesse sentido, Dilma está pronta para dizer às demais nações que sem estabilidade econômica e paz não haverá o sonhado desenvolvimento sustentável, tema da Rio+20, de onde saiu um documento considerado tímido do ponto de vista dos ambientalistas. O desenvolvimento sustentável, aliás, será o grande nicho que permeará todo o discurso da presidente, uma vez que esse tema vai muito além da defesa do meio ambiente e perpassa a economia, assunto que ela considera fundamental para tratar na Assembléia da ONU.
Na visão da presidente, a solução da crise europeia requer uma receita um pouco diferente do que vem sendo feita. Afinal, as medidas de contenção adotadas travaram as economias de vários países. Espanha e Portugal, por exemplo, permanecem em dificuldades. E, diante da inesgotável turbulência na Europa, é impossível prever por quanto tempo os países emergentes aguentarão o tranco.
Logo nas primeiras horas da manhã, em Nova York, Dilma chamou os ministros para trocar ideias sobre o discurso que fará amanhã, na ONU, e o roteiro nova-iorquino. Ela queria saber também a respeito do encontro entre o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e a presidente eleita da União Africana, Nikososana Zuma. Zuma, que, segundo diplomatas brasileiros, foi incisiva ao falar da sua esperança de ver o Brasil liderando essa busca pelo multilateralismo econômico e político. Os países africanos, assim como o Brasil, também desejam um posto no Conselho de Segurança da ONU, que até hoje não veio.
Os encontros bilaterais da presidente ainda não foram fechados. Até ontem à tarde estava previsto apenas que ela teria um encontro com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Com ele e Dilma participa ainda o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (Fia), Jean Todt, que atualmente lidera uma campanha de segurança no trânsito. Nesse encontro, está prevista a participação de Emerson fittipaldi.
REENCONTRO COM MERKEL Amanhã, Dilma deve passar a toda a manhã no plenário da ONU. Ela já manifestou interesse em acompanhar o discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A possibilidade de uma conversa privada entre Dilma e Obama voltou à pauta da viagem, mas até ontem não havia sido confirmada. A passagem de Obama por Nova York deve ser rápida por conta da campanha pela reeleição.
Não está descartado ainda um encontro de Dilma com a chanceler alemã, Ângela Merkel. No último encontro entre as duas, em Berlim, no ano passado, Dilma criticou as medidas adotadas pelo governo alemão para conter a crise europeia. Merkel não gostou das críticas da presidente brasileira. Agora, em Nova York, será a oportunidade de desanuviar o ambiente entre as duas.
37 bilhões de euros
A França precisa de um total de 37 bilhões de euros em economia no orçamento para cumprir a meta de déficit de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, incluindo cerca de 7 bilhões de euros em impostos aprovados este ano, disse ontem o ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici. O governo e o órgão de auditoria do Estado haviam dito que seriam necessários cerca de 30 milhões de euros em economia no orçamento do próximo ano."Não são 30 mil milhões de euros, são 37 bilhões", afirmou Moscovici.
"Liberdade" pelas ruas de Nova York
Nova York - Por volta do meio-dia, a presidente Dilma Rousseff sai do hotel e entra no carro. Junto, os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel; o de Educação, Aloizio Mercadante; de Comunicação, Helena Chagas; e o chanceler Antonio Patriota, além do assessor especial Marco Aurélio Garcia. A van sai em disparada. Três quadras depois, ela ordena: “Pode parar aqui. Agora, estou livre. Vou a pé”. E lá foi ela.
Dilma desembarcou em Nova York, às 6h30 de ontem, contando os minutos para aquele passeio. Ali, a presidente faz jus à imagem da estátua mais famosa do planeta, a da Liberdade. “Para quem passa o dia trancada em reuniões, dentro de casa, carros e seguranças, poder caminhar livremente pelas ruas é a maior diversão”, comentou ela com um assessor.
A presidente caminhou pelo Central Park, andou pela 6ª e pela 5ª avenidas. Seu grupo poderia ser confundido com qualquer outro da cidade. A segurança a seguiu a distância. Ao lado dela, só mesmo o general Amaro, acostumado às escapadas presidenciais em Nova York. Os demais seguranças ficaram à paisana, reconhecidos apenas pelos pontos que carregam nos ouvidos.
Com essa aparência de turista comum, Dilma, entretanto, não conseguiu fugir do assédio dos brasileiros. Distribuiu autógrafos, abraços e posou para fotografias, feliz e simpática diante da aprovação pela classe média alta que visita a meca do consumo. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, teve seu momento de pop star ao ser reconhecido por um grupo de paulistas que fez questão de cumprimentá-lo.
CAMINHADA Dilma, Mercadante, a filha dela, Paula, que também a acompanha na viagem, e os demais ministros almoçaram no café Boulou. Fez questão de voltar caminhando para o hotel St. Regis, na Rua 55, onde está hospedada. Ao chegar, se recolheu para mexer novamente no discurso e descansar. O que ela mais ama na Assembleia Geral da ONU é a liberdade do domingo nas ruas da cidade. (DR)
Nos EUA, frustração por falta de trabalho
Quando Daniel McCune graduou-se na universidade há três anos, ele acreditava que suas boas notas lhe renderiam um emprego como analista de inteligência no governo. Com um diploma em Serviços e História do Governo da Universidade de Liberty, no estado de Virginia, McCune enviou seu currículo para a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), para o Escritório Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) e para outras agências. Mas após uma longa busca que resultou em apenas duas entrevistas, o jovem de 26 anos de idade jogou a toalha em outubro passado, juntando-se a milhões de norte-americanos frustrados que abandonaram a procura por um emprego.
"Não há nada lá fora e provavelmente não haverá nada por um tempo", disse McCune, de New Concord, Ohio. Ele voltou à sua cidade natal para viver com seus pais, que o estão ajudando a quitar sua dívida universitária de cerca de US$ 20 mil.
Economistas, analisando dados do governo, estimam que a força de trabalho norte-americana conta com 4 milhões de pessoas a menos em relação a dezembro de 2007, principalmente devido a uma falta postos de trabalho e não ao envelhecimento regular da população dos EUA. O tamanho dessa diferença destaca a severidade da crise de desemprego. Se todas essas pessoas tivessem permanecido na força de trabalho, a taxa de desemprego de agosto, de 8,1%, teria sido de 10,5%.
DESAFIO A crise de desemprego levou o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, a lançar na semana passada um novo programa de compra de bônus e a prometer dar continuidade a ele até que o mercado de trabalho melhore. A crise também representa um desafio para a tentativa de reeleição do presidente Barack Obama. A taxa de participação da força de trabalho, ou a proporção de norte-americanos com idade para trabalhar que têm um emprego ou estão procurando por um, caiu 2,5% desde dezembro de 2007, caindo ao menor patamar em 31 anos, a 63,5%. A economia perdeu 8,7 milhões de postos de trabalho entre 2007 e 2009 e recuperou, até agora, pouco mais de metade disso.
Nesse sentido, Dilma está pronta para dizer às demais nações que sem estabilidade econômica e paz não haverá o sonhado desenvolvimento sustentável, tema da Rio+20, de onde saiu um documento considerado tímido do ponto de vista dos ambientalistas. O desenvolvimento sustentável, aliás, será o grande nicho que permeará todo o discurso da presidente, uma vez que esse tema vai muito além da defesa do meio ambiente e perpassa a economia, assunto que ela considera fundamental para tratar na Assembléia da ONU.
Na visão da presidente, a solução da crise europeia requer uma receita um pouco diferente do que vem sendo feita. Afinal, as medidas de contenção adotadas travaram as economias de vários países. Espanha e Portugal, por exemplo, permanecem em dificuldades. E, diante da inesgotável turbulência na Europa, é impossível prever por quanto tempo os países emergentes aguentarão o tranco.
Logo nas primeiras horas da manhã, em Nova York, Dilma chamou os ministros para trocar ideias sobre o discurso que fará amanhã, na ONU, e o roteiro nova-iorquino. Ela queria saber também a respeito do encontro entre o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e a presidente eleita da União Africana, Nikososana Zuma. Zuma, que, segundo diplomatas brasileiros, foi incisiva ao falar da sua esperança de ver o Brasil liderando essa busca pelo multilateralismo econômico e político. Os países africanos, assim como o Brasil, também desejam um posto no Conselho de Segurança da ONU, que até hoje não veio.
Os encontros bilaterais da presidente ainda não foram fechados. Até ontem à tarde estava previsto apenas que ela teria um encontro com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Com ele e Dilma participa ainda o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (Fia), Jean Todt, que atualmente lidera uma campanha de segurança no trânsito. Nesse encontro, está prevista a participação de Emerson fittipaldi.
REENCONTRO COM MERKEL Amanhã, Dilma deve passar a toda a manhã no plenário da ONU. Ela já manifestou interesse em acompanhar o discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A possibilidade de uma conversa privada entre Dilma e Obama voltou à pauta da viagem, mas até ontem não havia sido confirmada. A passagem de Obama por Nova York deve ser rápida por conta da campanha pela reeleição.
Não está descartado ainda um encontro de Dilma com a chanceler alemã, Ângela Merkel. No último encontro entre as duas, em Berlim, no ano passado, Dilma criticou as medidas adotadas pelo governo alemão para conter a crise europeia. Merkel não gostou das críticas da presidente brasileira. Agora, em Nova York, será a oportunidade de desanuviar o ambiente entre as duas.
37 bilhões de euros
A França precisa de um total de 37 bilhões de euros em economia no orçamento para cumprir a meta de déficit de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, incluindo cerca de 7 bilhões de euros em impostos aprovados este ano, disse ontem o ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici. O governo e o órgão de auditoria do Estado haviam dito que seriam necessários cerca de 30 milhões de euros em economia no orçamento do próximo ano."Não são 30 mil milhões de euros, são 37 bilhões", afirmou Moscovici.
"Liberdade" pelas ruas de Nova York
Nova York - Por volta do meio-dia, a presidente Dilma Rousseff sai do hotel e entra no carro. Junto, os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel; o de Educação, Aloizio Mercadante; de Comunicação, Helena Chagas; e o chanceler Antonio Patriota, além do assessor especial Marco Aurélio Garcia. A van sai em disparada. Três quadras depois, ela ordena: “Pode parar aqui. Agora, estou livre. Vou a pé”. E lá foi ela.
Dilma desembarcou em Nova York, às 6h30 de ontem, contando os minutos para aquele passeio. Ali, a presidente faz jus à imagem da estátua mais famosa do planeta, a da Liberdade. “Para quem passa o dia trancada em reuniões, dentro de casa, carros e seguranças, poder caminhar livremente pelas ruas é a maior diversão”, comentou ela com um assessor.
A presidente caminhou pelo Central Park, andou pela 6ª e pela 5ª avenidas. Seu grupo poderia ser confundido com qualquer outro da cidade. A segurança a seguiu a distância. Ao lado dela, só mesmo o general Amaro, acostumado às escapadas presidenciais em Nova York. Os demais seguranças ficaram à paisana, reconhecidos apenas pelos pontos que carregam nos ouvidos.
Com essa aparência de turista comum, Dilma, entretanto, não conseguiu fugir do assédio dos brasileiros. Distribuiu autógrafos, abraços e posou para fotografias, feliz e simpática diante da aprovação pela classe média alta que visita a meca do consumo. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, teve seu momento de pop star ao ser reconhecido por um grupo de paulistas que fez questão de cumprimentá-lo.
CAMINHADA Dilma, Mercadante, a filha dela, Paula, que também a acompanha na viagem, e os demais ministros almoçaram no café Boulou. Fez questão de voltar caminhando para o hotel St. Regis, na Rua 55, onde está hospedada. Ao chegar, se recolheu para mexer novamente no discurso e descansar. O que ela mais ama na Assembleia Geral da ONU é a liberdade do domingo nas ruas da cidade. (DR)
Nos EUA, frustração por falta de trabalho
Quando Daniel McCune graduou-se na universidade há três anos, ele acreditava que suas boas notas lhe renderiam um emprego como analista de inteligência no governo. Com um diploma em Serviços e História do Governo da Universidade de Liberty, no estado de Virginia, McCune enviou seu currículo para a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), para o Escritório Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) e para outras agências. Mas após uma longa busca que resultou em apenas duas entrevistas, o jovem de 26 anos de idade jogou a toalha em outubro passado, juntando-se a milhões de norte-americanos frustrados que abandonaram a procura por um emprego.
"Não há nada lá fora e provavelmente não haverá nada por um tempo", disse McCune, de New Concord, Ohio. Ele voltou à sua cidade natal para viver com seus pais, que o estão ajudando a quitar sua dívida universitária de cerca de US$ 20 mil.
Economistas, analisando dados do governo, estimam que a força de trabalho norte-americana conta com 4 milhões de pessoas a menos em relação a dezembro de 2007, principalmente devido a uma falta postos de trabalho e não ao envelhecimento regular da população dos EUA. O tamanho dessa diferença destaca a severidade da crise de desemprego. Se todas essas pessoas tivessem permanecido na força de trabalho, a taxa de desemprego de agosto, de 8,1%, teria sido de 10,5%.
DESAFIO A crise de desemprego levou o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, a lançar na semana passada um novo programa de compra de bônus e a prometer dar continuidade a ele até que o mercado de trabalho melhore. A crise também representa um desafio para a tentativa de reeleição do presidente Barack Obama. A taxa de participação da força de trabalho, ou a proporção de norte-americanos com idade para trabalhar que têm um emprego ou estão procurando por um, caiu 2,5% desde dezembro de 2007, caindo ao menor patamar em 31 anos, a 63,5%. A economia perdeu 8,7 milhões de postos de trabalho entre 2007 e 2009 e recuperou, até agora, pouco mais de metade disso.