A maioria dos objetos postais da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) foi entregue dentro do prazo, apesar da greve dos funcionários iniciada no dia 19 deste mês. De acordo com a ECT, 85,3% das cartas e encomendas recebidas até a última sexta-feira, equivalente a 90 milhões de objetos postais, chegaram aos destinatários no prazo. A paralisação atrasou a entrega de 15,5 milhões documentos postais, informou a estatal.
De acordo com os Correios, um mutirão feito no fim de semana concluiu a triagem e a entrega de 23,7 milhões de objetos. Participaram da operação 22 mil carteiros e 2,8 mil empregados administrativos.
O movimento atinge 21 estados e o Distrito Federal. Mais três estados fazem assembleias esta semana para decidir se entram ou não em greve: Bahia, Mato Grosso do Sul e Acre. Segundo a empresa, 9% dos trabalhadores aderiram ao movimento, a maioria deles carteiros. Já a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) estima que o percentual de adesão estaria próximo do teto de 60% determinado pelo TST, que exigiu a manutenção de pelo menos 40% do efetivo em cada uma das unidades.
Em razão da greve, estão suspensos os serviços prestados com hora marcada, entre eles o Sedex 10, o Sedex Hoje e o Disque-Coleta, na Grande São Paulo, no Tocantins, no Distrito Federal, no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. No Rio de Janeiro, estão suspensos apenas o Sedex Hoje e o Disque-Coleta. As agências seguem abertas em todo país.
Os trabalhadores dos Correios aprovaram na semana passada uma contraproposta que será apresentada durante a segunda audiência de conciliação com a empresa, que marcada para amanhã, às 14h, na sede do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Baseada em sugestão formulada pela vice-presidenta do TST, ministra Cristina Peduzzi, a contraproposta prevê reajuste salarial de 5,2%, aumento linear de R$ 80, reajuste de 8,84% no vale-alimentação, abono dos dias parados e a manutenção das cláusulas sociais e do plano de saúde. Com o protocolo da contraproposta, a categoria abandona sua reivindicação inicial, que previa 43,7% de reajuste e R$ 200 de aumento linear.
Caso não haja acordo na reunião de amanhã, o processo será julgado às 13h30 de quinta-feira pela Seção de Dissídios Coletivos do TST. A relatora do processo de dissídio, ajuizado pela empresa, é a ministra Kátia Arruda, que participou hoje de uma reunião informal com representantes da Fentect.
"A empresa mantém a proposta de reajuste de 5,2% para os salários e demais benefícios", reafirmam os Correios, em nota emitida por sua assessoria de imprensa. "Com esses R$ 80 [de aumento linear além do percentual de 5,2%] a despesa de pessoal teria um acréscimo de R$ 854 milhões no ano, ultrapassando todos os lucros, comprometendo a sustentabilidade da empresa e podendo nos levar a insolvência financeira."
Pela contraproposta da categoria, o salário inicial de carteiros, atendentes comerciais e operadores de triagem e transbordo passaria de R$ 942 para R$ 1.070. Pela proposta da empresa, o valor ficaria em R$ 991. "Nossa expectativa é negociar. A intransigência está do lado da empresa, que prefere o julgamento em vez do acordo", disse James Magalhães de Azevedo, secretário de Imprensa da Fentect, em entrevista à Agência Brasil. "A greve já poderia ter acabado. A culpa por sua continuidade é da empresa."
Procurada, a empresa informou, por de sua assessoria de imprensa, que o número de objetos postais com entrega atrasada no estado não chegaria a 300 mil. "Há previsão de normalização nos próximos dias, devido à diminuição de empregados parados e ao plano de contingência que continua em execução".
Os Correios lucraram R$ 816 milhões no primeiro semestre de 2012, de acordo com dados repassados pela assessoria de imprensa. Cerca de 46,6% desse valor vieram de aplicações financeiras e 20,7%, de luvas relativas ao Banco Postal, que passou a ser operado pelo Banco do Brasil. O chamado lucro operacional (gerado na rede de agências e de distribuição da empresa) alcançou a marca de R$ 266,4 milhões no período.