O Itaú Unibanco, maior banco privado do Brasil, disse ontem que espera reduzir as taxas de juros mensais de todos os seus cartões de crédito para menos de 10% até o fim deste ano, à medida que novos produtos reduzem os riscos de inadimplência e mitigam o declínio da receita. O Itaú permitirá que os donos de cartões de crédito migrem para o novo produto Itaucard 2.0, que conta com taxas mais baixas, mas termos mais rígidos de pagamento, a partir de outubro, disse o presidente-executivo do banco, Roberto Setubal, em encontro com analistas e investidores.
Um declínio na receita de juros devido a menores taxas de cartões de crédito será provavelmente compensado por uma redução em perdas devido à inadimplência, além de maiores vendas de produtos relacionados a cartões, disseram Setubal e outros executivos.
As declarações de Setubal acontecem um dia após o Itaú ter sido bem-sucedido em sua oferta para tirar a Redecard da bolsa pagando R$ 10,5 bilhões aos minoritários. A compra ajudará o Itaú, que já era o principal sócio da Redecard, a conquistar uma participação maior no mercado brasileiro, em rápida expansão de cartões, e pode acelerar mudanças nas relações entre bancos e usuários de plásticos.
Bancos brasileiros estão se voltando cada vez mais para serviços baseados em tarifas como reação à pressão do governo para reduzir as taxas de juros e os spreads bancários, que há muito impulsionavam suas receitas derivadas de juros. De acordo com Setubal, o Itaú está adaptando sua estratégia à nova realidade de menores custos de captação no país.
Horas antes da confirmação da compra da participação que não tinha da Redecard, na segunda-feira, concorrentes anunciaram suas próprias manobras no setor. O Bradesco reduziu as taxas de juros em todos os seus produtos de cartão de crédito, enquanto a Elavon, processadora de pagamentos em cartão de crédito do Citigroup, lançou uma nova plataforma de clearing com a companhia brasileira de tecnologia Bematech.
TECNOLOGIA O Itaú também anunciou ontem que investirá R$ 10,4 bilhões para incrementar sua plataforma de tecnologia da informação. O investimento, de 2012 a 2015, envolve a construção de um centro tecnológico no tamanho de 120 campos de futebol em Mogi Mirim, no interior de São Paulo. "Em dois dias anunciamos mais de R$ 22 bilhões em investimentos, que é um bom montante para qualquer companhia", disse Setubal, referindo-se ao desembolso da aquisição da Redecard e aos planos de investimentos em tecnologia.
Ele também disse que é provável que o Itaú registre neste ano R$ 19 bilhões em perdas relacionadas a crédito, e prometeu reduzir esse valor em 2013. Os empréstimos em atraso por mais de 90 dias, referência para inadimplência, cresceram para 5,2% em junho, maior nível desde dezembro de 2009.