Milhares de gregos deixaram o trabalho nesta quarta-feira para participar de uma greve geral nacional convocada pelos dois principais sindicatos do país, o GSEE e o ADEDY, em protesto contra a nova rodada de cortes de gastos que o governo da Grécia deverá anunciar nos próximos dias. A greve de 24 horas é a primeira desde que o governo de coalizão formado por três partidos e liderado por Antonis Samaras foi empossado, em junho, e representa o primeiro teste real sobre a oposição pública aos cortes.
A greve provocou paralisação nos serviços públicos em todo o país, fechando escritórios do governo, escolas, museus e tribunais, enquanto hospitais operam com equipes reduzidas. A suspensão parcial dos serviços de transporte na capital grega, Atenas, afetou quem viaja para o trabalho pela manhã e operações de trens e balsas foram paralisados. Uma greve de três horas dos controladores de tráfego aéreo atrapalhou os voos programados no país.
No centro de Atenas, a maioria das lojas foi fechada por receios de que haja violentos episódios como os que marcaram o último grande protesto na Grécia, realizado em fevereiro deste ano. Cartazes foram pendurados nos postes da cidade anunciando a greve e mostrando dizeres como: "SOS - o país deve ser salvo, mas acima de tudo sua população".
A greve geral ocorre no momento em que o governo grego - formado pelos partidos Nova Democracia, Pasok e Esquerda Democrática - se prepara para assinar um pacote de 13,5 bilhões de euros (US$ 17,5 bilhões) em cortes no orçamento e medidas para impulsionar a receita que foi prometido aos credores internacionais em troca de financiamento sob os termos do acordo que ofereceu ao país 173 bilhões de euros em ajuda.
Uma equipe de inspetores da troica - composta por Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) - deverá voltar para Atenas neste fim de semana com o objetivo de avaliar os cortes preparados pelo governo e outras medidas de reforma para determinar se a Grécia merece receber a próxima parcela da ajuda internacional.
"Nós não podemos aceitar mais cortes porque temos de cobrir nossas necessidades básicas", afirmou Vassilis Xenakis, secretário de relações internacionais para o setor público do ADEDY, em uma entrevista no rádio. "Nós queremos salvar nosso país, mas temos de tentar salvar os seres humanos ao mesmo tempo", acrescentou. As informações são da Dow Jones.