O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, salientou nesta quarta-feira que a média diária de concessões de crédito para veículos no trimestre de junho a agosto cresceu 18,9%. O período é justamente o que engloba a desoneração de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor.
"De fato, as concessões de crédito para veículos nos trimestres encerrados em agosto cresceram de forma nítida", comentou Maciel. O que precisa ser analisado, de acordo com ele, é que, ao contrário do que ocorreu há dois anos, os prazos das concessões não têm mostrado ampliação desta vez. Conforme dados do BC, o prazo médio de aquisição de veículos estava em 497 dias em agosto, uma redução de três dias na comparação com julho e de nove dias, no trimestre encerrado no mês passado. No ano, a queda é de 37 dias e, em 12 meses até agosto, de 50 dias. "Ao contrário, o prazo médio está em queda", observou.
Outro fenômeno que diferencia o momento atual do cenário de 2010 é que a entrada paga pelo consumidor para a aquisição de automóveis está "bem mais elevada" do que há dois anos. "Naquela época, quase não precisava dar entrada. Isso reflete o aprendizado neste tipo de operação. Estamos originando financiamento de veículo bem mais salutar do que o daquele momento", analisou.
Quanto ao crédito para habitação, Maciel disse que essa modalidade passou de 4,4% para 5,8% do PIB em agosto deste ano em relação ao estoque de 12 meses atrás. Segundo o diretor do BC o imobiliário é o crédito que cresce com mais intensidade, mas apresenta moderação em relação ao verificado nos últimos anos, e dentro da trajetória esperada pelo BC.
Ele disse ainda que o porcentual do PIB ainda é baixo na comparação internacional e que os países que têm problemas nessa área têm uma realidade muito diferente da do Brasil.
Spread em queda
O chefe do departamento econômico do Banco Central destacou que o spread bancário para pessoas físicas de 27,7 pontos porcentuais em agosto está muito próximo do menor valor da série histórica, iniciada no Plano Real (1994). Atualmente, o menor valor da série são os 27,4 pontos porcentuais verificados em novembro de 2010.