O dólar favorável às exportações permitiu à indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrar no acumulado de janeiro a agosto a primeira redução do déficit comercial crônico do setor, registrado desde 2005, mas as empresas estão longe de comemorar o feito. No mês passado, as encomendas diminuíram 14,5%, na comparação com igual período de 2011, informou ontem a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Trata-se do nível mais baixo da carteira de pedidos das fábricas nas últimas quatro décadas, refletido no aumento da ociosidade. Elas passaram a trabalhar com 75,9% da capacidade instalada, ante 81,7% no mesmo mês do ano passado.
Os dados mostram que as recentes medidas adotadas pelo governo federal para reanimar a economia ainda não surtiram efeito, segundo o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. “A balança comercial melhorou por causa do câmbio. O setor está numa situação crítica com equipamentos parados e para continuar faturando as empresas importam”, disse, ao divulgar os indicadores de agosto. Acompanhando a queda no ritmo de atividade das fábricas, o nível do emprego na indústria dos chamados bens de capital, que ficou em 253,2 mil pessoas no mês passado, diminuiu 0,7% frente julho e 3,9% ante agosto do ano passado.
A Abimaq não levanta as informações por estado. De acordo com o diretor regional de Minas da associação, Marcelo Luiz Moreira Veneroso, a indústria mineira costuma seguir o comportamento da média nacional, embora com a característica de concentrar seu fornecimento nos clientes da mineração e da siderurgia. “As mineradoras têm importado muito e seguraram o freio dos investimentos. Esperamos é que as medidas de estímulo à indústria adotadas pelo governo comecem a fazer efeito em outubro”, disse. Conforme levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), nos últimos cinco anos, 81,6%, em média, do consumo de máquinas e equipamentos no estado foi suprido com importações. No Brasil, a média tem sido de 60%.
A tendência é de melhora no desempenho do setor, embora essa melhora se mostre lenta. O governo anunciou neste mês a desoneração da folha de pagamento de mais 25 setores, incluindo bens de capital, e reduziu as taxas de juros da linha PSI-Finame do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para aquisição de máquinas. Marcelo Veneroso lembrou que embora positivas e com o mérito de já enxergarem as dificuldades da indústria brasileira, as medidas são pontuais. As fábricas estão trabalhando com um horizonte de entrega de encomendas para 14,9 semanas, em média, ante 17,4 semana em igual período de 2011.
Salvação
Por trás do bom resultado da queda de 3,1% do déficit da balança de comércio da indústria de máquinas e equipamentos de janeiro a agosto, está o resultado “salvador” das exportações, enfatizou Luiz Aubert. A diferença entre as vendas externas e as importações foi de US$ 11,77 bilhões, ao passo que no acumulado de 2011 a conta havia ficado em US$ 12,14 bilhões. Em dólares, portanto, as exportações cresceram 10% até agosto, impulsionadas pelos segmentos de máquinas para a indústria de transformação, de logística e construção civil. Foi o que levou ao aumento, a rigor bem modesto, de 0,3% do faturamento do setor de bens de capital, de R$ 53,685 bilhões no ano. Em relação a agosto de 2011, esse indicador caiu 6,6%.
Desemprego tem alta
Ao contrário do que tradicionalmente ocorre no mercado de trabalho no segundo semestre, o desemprego registrou ligeiro avanço em agosto no país, segundo taxa medida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em sete regiões metropolitanas. O índice passou de 10,7% em julho para 11,1% no mês passado. Em Belo Horizonte a taxa manteve-se praticamente estável, de 5% em julho para 5,2% em agosto, segundo o Dieese.
Conforme o Dieese, o que explica esse aumento no país é que em agosto foram criados menos postos de trabalho (35 mil) do que os necessários para atender as 135 mil pessoas que buscaram uma oportunidade. Com isso, o número de desempregados cresceu 100 mil. O total de desempregados estimado nas sete regiões (BH, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, SP e DF) é de 2,5 milhões.
Sem defeito
"A desaceleração da economia se refletiu fortemente no ritmo de criação de vagas. Os benefícios fiscais e estímulos setoriais ainda não surtiram efeito no emprego", diz Lúcia Garcia, coordenadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese. Enquanto em agosto, foram 35 mil vagas abertas; em julho, 119 mil.
A tendência de desaceleração também já foi mostrada nos dados do Caged, cadastro do Ministério do Trabalho. "O cenário econômico de incertezas nos últimos três trimestres fez com que o emprego, principalmente o formal, perdesse o ritmo de crescimento", diz o economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências.
Os dados mostram que as recentes medidas adotadas pelo governo federal para reanimar a economia ainda não surtiram efeito, segundo o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. “A balança comercial melhorou por causa do câmbio. O setor está numa situação crítica com equipamentos parados e para continuar faturando as empresas importam”, disse, ao divulgar os indicadores de agosto. Acompanhando a queda no ritmo de atividade das fábricas, o nível do emprego na indústria dos chamados bens de capital, que ficou em 253,2 mil pessoas no mês passado, diminuiu 0,7% frente julho e 3,9% ante agosto do ano passado.
A Abimaq não levanta as informações por estado. De acordo com o diretor regional de Minas da associação, Marcelo Luiz Moreira Veneroso, a indústria mineira costuma seguir o comportamento da média nacional, embora com a característica de concentrar seu fornecimento nos clientes da mineração e da siderurgia. “As mineradoras têm importado muito e seguraram o freio dos investimentos. Esperamos é que as medidas de estímulo à indústria adotadas pelo governo comecem a fazer efeito em outubro”, disse. Conforme levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), nos últimos cinco anos, 81,6%, em média, do consumo de máquinas e equipamentos no estado foi suprido com importações. No Brasil, a média tem sido de 60%.
A tendência é de melhora no desempenho do setor, embora essa melhora se mostre lenta. O governo anunciou neste mês a desoneração da folha de pagamento de mais 25 setores, incluindo bens de capital, e reduziu as taxas de juros da linha PSI-Finame do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para aquisição de máquinas. Marcelo Veneroso lembrou que embora positivas e com o mérito de já enxergarem as dificuldades da indústria brasileira, as medidas são pontuais. As fábricas estão trabalhando com um horizonte de entrega de encomendas para 14,9 semanas, em média, ante 17,4 semana em igual período de 2011.
Salvação
Por trás do bom resultado da queda de 3,1% do déficit da balança de comércio da indústria de máquinas e equipamentos de janeiro a agosto, está o resultado “salvador” das exportações, enfatizou Luiz Aubert. A diferença entre as vendas externas e as importações foi de US$ 11,77 bilhões, ao passo que no acumulado de 2011 a conta havia ficado em US$ 12,14 bilhões. Em dólares, portanto, as exportações cresceram 10% até agosto, impulsionadas pelos segmentos de máquinas para a indústria de transformação, de logística e construção civil. Foi o que levou ao aumento, a rigor bem modesto, de 0,3% do faturamento do setor de bens de capital, de R$ 53,685 bilhões no ano. Em relação a agosto de 2011, esse indicador caiu 6,6%.
Desemprego tem alta
Ao contrário do que tradicionalmente ocorre no mercado de trabalho no segundo semestre, o desemprego registrou ligeiro avanço em agosto no país, segundo taxa medida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em sete regiões metropolitanas. O índice passou de 10,7% em julho para 11,1% no mês passado. Em Belo Horizonte a taxa manteve-se praticamente estável, de 5% em julho para 5,2% em agosto, segundo o Dieese.
Conforme o Dieese, o que explica esse aumento no país é que em agosto foram criados menos postos de trabalho (35 mil) do que os necessários para atender as 135 mil pessoas que buscaram uma oportunidade. Com isso, o número de desempregados cresceu 100 mil. O total de desempregados estimado nas sete regiões (BH, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, SP e DF) é de 2,5 milhões.
Sem defeito
"A desaceleração da economia se refletiu fortemente no ritmo de criação de vagas. Os benefícios fiscais e estímulos setoriais ainda não surtiram efeito no emprego", diz Lúcia Garcia, coordenadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese. Enquanto em agosto, foram 35 mil vagas abertas; em julho, 119 mil.
A tendência de desaceleração também já foi mostrada nos dados do Caged, cadastro do Ministério do Trabalho. "O cenário econômico de incertezas nos últimos três trimestres fez com que o emprego, principalmente o formal, perdesse o ritmo de crescimento", diz o economista Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências.