O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, disse nesta quinta-feira, que a inflação ao consumidor já está, sim, refletindo o aumento dos preços das commodities. "Mas, certamente, não totalmente", ponderou. Segundo o diretor, quando for divulgado o resultado da inflação em setembro vai se chegar à conclusão de que o aumento de commodities teve impacto. Ele disse, porém, que não é possível fazer um prognóstico sobre o fim desse repasse. "Não teria como responder quando acaba. A duração é curta, na nossa avaliação", disse.
Hamilton disse que podia prever que o repasse para a inflação poderia acabar ainda este ano. "A repercussão deve terminar este ano, mas pode ser transmitido no ano que vem, pois nossa economia ainda é indexada", considerou. Se não houver uma segunda rodada de aumento de commodities, cenário com o qual o BC não conta neste momento, o "grosso" do repasse, segundo o diretor, estará incorporado aos preços ainda deste ano.
Impactos
Para o diretor do BC, o impacto da redução na conta de energia anunciada pelo governo para o próximo ano será de 0,50 ponto porcentual para baixo no IPCA de 2013. Destacou ainda que essa projeção levou o BC a revisar a estimativa para a alta dos preços administrados no próximo ano de 4,5% para 2,4%.
Hamilton disse que a alta entre 25% e 30% do dólar nos últimos 12 meses, de aproximadamente R$ 1,60 para R$ 2,04, ainda pode ter algum impacto na inflação. "Isso apareceu nos preços do atacado. Depois, nos preços ao consumidor", afirmou. "Boa parte do efeito da depreciação já foi incorporada, mas deve ter algum resquício." Hamilton afirmou ainda que, é pouco provável que haja uma segunda rodada de depreciação do real de "tamanha magnitude" nos próximos 12 meses.
Disse, também, que as decisões de política monetária "sempre foram e continuam sendo tomadas" com base na avaliação sobre a inflação. Ao comentar o impacto da alta de juros na atividade e questionado sobre as últimas decisões do BC, afirmou que "não há almoço grátis no combate à inflação".
IGPs
Em seu relatório de inflação do terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira, o Banco Central informa que o aumento recente nos IGPs é risco para cenário prospectivo de inflação. "O Copom considera que um risco para o cenário prospectivo reside nos recentes aumentos verificados nos índices gerais de preços, que, em boa medida, decorrem da depreciação cambial observada no primeiro semestre e de choques associados a eventos climáticos, domésticos e externos", diz o documento.