O presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, defendeu nesta sexta-feira que uma taxa de câmbio a R$ 2,50 não é, necessariamente, boa porque pode provocar desarranjos na economia, e citou como exemplo o repasse cambial para a inflação. Mas o empresário acredita que o patamar atual do dólar também é insuficiente para conferir competitividade ao setor industrial, embora já seja uma taxa melhor que a de R$ 1 70 que era negociada no começo do ano.
De acordo com o presidente da CSN, a produção da indústria neste ano se mostra diferente da verificada no ano passado pois já incorpora o processo de redução de juros e as medidas de estímulo ao setor, das quais Steinbruch citou a desoneração da folha de pagamentos. O empresário participou nesta tarde de reunião-almoço organizado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) que teve como convidado especial o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini. Segundo o Iedi, 14 setores da indústria e do varejo estiveram representados no encontro.
Steinbruch disse que representantes da indústria teriam relatado ao presidente do BC que os empresários esperavam que, depois de tantas medidas adotadas, a economia fosse se recuperar mais rapidamente. "Tínhamos uma visão equivocada de que não precisaríamos de mais esforços", disse o industrial. Ao ser confrontado com o fato da indústria já ter registrado uma "melhoradinha", Steinbruch respondeu que é justamente aí é que está o problema. "O problema é esse que você falou, que a indústria deu uma melhoradinha. Mas nós esperávamos que houvesse uma grande melhora", disse.
Ainda de acordo com o presidente da CSN, o que o setor industrial tentou colocar para Tombini é que a autoridade monetária tem instrumentos fortes, como juros e câmbio, para complementar as medidas já anunciadas. Steinbruch explicou que a indústria, junto com o governo, precisa encontrar uma fórmula de equilibrar todas essas medidas para que o setor ganhe competitividade.