A Grécia retomou nesta segunda-feira conversações cruciais com seus credores para concretizar as novas medidas de cortes para os próximos dois anos e aproveitou para apresentar seu orçamento para 2013, que prevê um sexto ano de recessão.
O PIB grego sofrerá uma contração em torno de 3,8% em 2013 depois de um retrocesso de mais de 6,5% em 2012, segundo as previsões integradas no texto do pré-projeto de orçamentos para 2013, de acordo com o Ministério de Finanças.
Junto a esta recessão, que provocará uma alta da taxa de desemprego a 24,7% em 2013, os orçamentos preveem também um saneamento da situação orçamentária do país, com um excedente orçamentário primário (fora do serviço da dívida) de 1,1% do PIB em 2013.
Levando em conta os juros a serem pagos pela dívida, o déficit público deve situar-se em 4,2% do PIB em 2013, frente a 6,6% esperado em 2012. Para cumprir com este objetivo, que permite ao país respeitar seus compromissos com seus credores, o projeto prevê 7,8 bilhões de euros em economias orçamentárias para o ano de 2013.
Isso representa mais da metade do novo plano de ajuste em discussão com os representantes da chamada troika de credores da Grécia (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) para manter a ajuda ao país. Os credores pedem que os ajustes sejam aplicados em dois anos e a Grécia afirmou que deseja fazê-lo em quatro.
A troika, de volta a Atenas para dar seu aval a este novo plano de ajustes, "pede esclarecimentos" sobre o acordo obtido a duras penas pelos três partidos da coalizão governamental - conservador, socialista e esquerda moderada - na semana passada, declarou o ministro de Finanças, Yannis Stournas.
"As negociações continuam", disse o ministro em sua saída da reunião, que durou menos de uma hora, entre esta delegação e o primeiro-ministro conservador Antonis Samaras.
Segundo o pré-projeto do orçamento, o grosso dos sacrifícios será feito pelos aposentados, entre os quais haverá categorias inteiras que verão seus ganhos serem reduzidos para economizar 3,8 bilhões de euros, e por alguns funcionários, cujos salários serão reduzidos, somando uma economia de 1,1 bilhão de euros.
O texto confirma também a previsão de adiar a idade de aposentadoria dos 65 anos atuais para 67. O pré-projeto do orçamento foi publicado após o encontro entre Stournaras e os alemães Matthias Mors (UE), Klaus Masuch (BCE) e o dinamarquês Poul Thomsen (FMI).
A adoção desses novos cortes - para economizar até 13,5 bilhões de euros - é uma condição prévia para a entrega à Grécia de um novo lote de ajuda vital de 31,5 bilhões de euros (40,5 bilhões de dólares) do empréstimo de 130 bilhões acordado na primavera.
Às novas medidas somam-se a três anos de austeridade draconiana impostos ao país em troca da ajuda europeia e do FMI. "O plano é muito doloroso, mas não podemos fazer nada para suavizá-lo", disse nesta sábado o ministro adjunto de Finanças, Christos Staikuras, em um coletiva de imprensa em Atenas, citado na segunda-feira pelo jornal econômico Naftémporiki.
Os sindicatos preparam uma nova sessão de mobilizações nas proximidades do potente sindicato Genop do grupo público de eletricidade DEI (PPC em inglês), que iniciou na segunda-feira uma greve de 48 horas prorrogáveis. A taxa de desemprego deve alcançar 23,5% em 2012, o que supõe o dobro de 2010, ano do início da crise da dívida. Já a dívida pública deve alcançar 179,3% do PIB em 2013, frente a 169,5% em 2012.