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Estado de Minas

Médicos planejam boicote aos planos de saúde


postado em 04/10/2012 06:00 / atualizado em 04/10/2012 06:52

Brasília – Os beneficiários de planos de saúde devem ter novas dores de cabeça na utilização dos convênios. Já prejudicados pela dificuldade de agendamento de consultas e a falta de estrutura dos planos — o que levou à suspensão da comercialização de 301 deles determinada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na terça-feira —, os consumidores podem ter os convênios recusados pelos médicos. Os profissionais de todo o país devem suspender os atendimentos vinculados aos planos de assistência médica entre os dias 10 e 25, como protesto pela inadimplência e abusos das operadoras e seguros de saúde. Em Minas, a suspensão do atendimento vai vigorar entre os dias 10 e 18. Nesse período serão feitos apenas atendimentos de urgência e emergência. Pacientes com consultas marcadas serão previamente informados da suspensão do atendimento, podendo ter os procedimentos reagendados.

A decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de aumentar a pressão sobre os planos de saúde para evitar irregularidades no agendamento de consultas e exames ainda não é suficiente para botar ordem na casa e barrar as dores de cabeça a que são expostos, diariamente, os consumidores. Mesmo tendo suspendido 301 convênios administrados por 38 operadoras na terça-feira, a medida não resolve os problemas estruturais do setor, sobrecarregado e com uma rede de atendimento precária.

O diretor-executivo do Procon-SP, Paulo Góes, explica que a suspensão é necessária, uma vez que as empresas têm tentado expandir o número de clientes sem o cuidado necessário para manter a estrutura de atendimento, mas ainda há muito o que ser feito. “A decisão é importante, a grande questão, no entanto, é o que vai ser feito a partir de agora. Se a ANS não tomar medidas para regular o mercado e estabelecer incentivos para isso, daqui a pouco não vai ter mais plano sendo comercializado”, afirma.

Para Góes, a ANS deve ir além e estabelecer um controle prévio do setor, avaliando as situações individualmente. “No caso da suspensão, o problema já está instalado, o ideal é não deixá-lo acontecer. Para isso, a agência deveria fiscalizar se o crescimento do número de beneficiários das empresas está sendo feito em paralelo a um estruturamento e ampliação da rede de atendimento do plano”, diz.

ABUSOS A coordenadora institucional da associação de consumidores Proteste, Maria Inês Dolci, acredita que a ANS atuou de forma rápida no problema para evitar maiores desgastes por parte do consumidor, mas há outros aspectos a serem considerados. “Tem havido abuso por parte das operadoras. Os consumidores não conseguem internações e têm procedimentos negados sem justificativa. A agência precisa cuidar também desse estrangulamento das redes de atendimento, dando uma solução para o consumidor”, afirma.

Rita Guimarães sabe quão graves podem ser as consequências dos atrasos dos convênios. Ela aguardou 18 meses pelo agendamento de uma cirurgia para a filha, Paola Guimarães, portadora de graves deficiências mental e motora e inclusa no Programa de Atenção Domiciliar da Unimed Belo Horizonte. A menina precisa de uma punção tireoidiana em um nódulo, que tem aumentado de tamanho.

Mesmo com todos os exames laboratoriais necessários em mãos e a urgência do procedimento cirúrgico atestada por vários médicos, Rita conta que tentou contato com a operadora por diversas vezes e, inclusive, ameçou processar o plano por omissão de socorro. “Sempre me diziam que o agendamento já estava encaminhado. Na última ligação, uma assistente social, diante do meu exasperamento, recomendou que eu fosse a um hospital tentar conseguir o exame para minha filha independentemente do plano”, relembra.

Apesar de ter conseguido o agendamento, Rita considera o tempo longo de espera um desrespeito à situação da filha. “O que a princípio era apenas um nódulo, cresceu assustadoramente, e não sei qual será o resultado do exame. Não posso, não devo, e não vou parar por aí. Não vou deixar minha filha ser tratada como se fosse um animal”, desabafa. “Ela tem um dos melhores planos oferecidos pela Unimed, pago religiosamente em dia. Não estou e nem estive pedindo nada gratuito”, completa.

Procurada pelo Estado de Minas, a Unimed BH informou que a demora no agendamento do procedimento se deu por tratar-se “de exame complexo e que necessita de participação ativa do paciente durante a sua realização, o que não seria possível diante do quadro clínico da cliente. Em razão disso, o médico especialista vinha discutindo a indicação do procedimento”.


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