América Latina e Caribe têm perdido força ante as incertezas mundiais e seus problemas internos, o que levará a região a crescer 3,2% este ano e 3,9% em 2013, disse nesta terça-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI), que reduziu novamente sua previsão regional em seu relatório semestral.
O Fundo se mostrou preocupado pelos riscos gerados pelos problemas ainda em aberto na Zona Euro, além de dedicar grande atenção à desaceleração da China e a uma possível crise fiscal no início de 2013 nos Estados Unidos, produto do desacordo político no Congresso desse país.
Como resultado "as previsões (para a região) têm se deteriorado com relação a abril de 2012", explicou o texto, que foi apresentado na assembleia semestral do organismo, desta vez em Tóquio. Em abril, o Fundo previa crescimento de 3,7% para a América Latina e Caribe, mas em julho a estimativa já havia sido reduzida a 3,4%.
"Espera-se que o crescimento na região retome força ao final deste ano, através dos efeitos geradas pelas medidas de relaxamento da política monetária", disse o Fundo. O Brasil crescerá 1,5% este ano, México 3,9%, Argentina 2,6%, Colômbia 4,3%. O Peru novamente se destaca com 6%, Chile 5% e Bolívia com a mesma cifra.
O Paraguai exibe o pior dado projetado para 2012: uma contração de 1,5% segundo o Fundo. A Venezuela deve se recuperar em 2012 e subir 5,7% e a América Central 4,3%. A nível mundial, os Estados Unidos crescerão 2,2% este ano, a Zona Euro apresentará contração de 0,4%, a China crescerá 7,8% e o Japão 2,2%.
O principal motor da região, o Brasil, tem sido prejudicado pelas péssimas condições externas, além da lentidão do impacto das medidas monetárias e fiscais para estimular o crescimento. Contudo, o Fundo também cita "um incremento da inadimplência após vários anos de rápido crescimento do crédito" bancário do gigante sul-americano.
A região conseguiu se desviar do impacto da crise bancária europeia, em especial a espanhola, que entrou em seu quarto ano, diz o texto. Na América Latina, o crescimento continua dependendo, como em anos recentes, de diferentes fatores externos como a relação com o mercado norte-americano, como o europeu, ou com as nações importadoras de matérias-primas.
Assim, México e América Central são os que mais têm a perder com uma eventual crise fiscal nos Estados Unidos, produto de uma situação chamada "precipício fiscal". Segundo o FMI, os Estados Unidos devem eliminar rapidamente a ameaça do chamado precipício fiscal, uma situação que seria gerada ao término do ano caso os legisladores não modifiquem um mecanismo que por lei dispara automaticamente fortes cortes do gasto e aumentos de impostos para os norte-americanos a partir de janeiro de 2013.
"Caso os legisladores (norte-americanos) fracassem (em entrar em um acordo para evitar esta eventualidade), a economia norte-americana pode voltar a cair em uma recessão com consequências catastróficas para o resto do mundo", diz o Fundo.
Em seu relatório, o FMI emprega um modelo de projeção caso a crise europeia seja ampliada. O resultado para América Latina e Caribe seria uma queda de meio ponto porcentual do crescimento estimado para 2012.