O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu novamente nesta terça-feira suas previsões de crescimento mundial para 2012, a 3,3% contra 3,5% em julho, devido principalmente à crise na Europa que se mantém como "a maior ameaça" para a economia do planeta.
Em seu relatório semestral de previsões divulgado em Tóquio no início de sua assembleia geral anual, o FMI revisou igualmente para baixo suas previsões para 2013 (3,6% contra 3,9%), em um momento no qual o alto desemprego continua golpeando "muitas partes" do mundo.
O Brasil, principal motor da região latino-americana, foi prejudicado pelas péssimas condições externas, mas também pela lentidão do impacto de medidas monetárias e fiscais para estimular o crescimento, apesar de que arrancaram em agosto de 2011, segundo a entidade multilateral.
Quanto a América Latina e o Caribe, a região perde força ante a incerteza mundial e seus próprios problemas internos, e por isso crescerá 3,2% este ano (3,9% em 2013), disse o FMI.
Em suas previsões, o FMI ressaltou que a atividade dos países emergentes continuará sendo "sólida", apesar de uma ligeira desaceleração observada recentemente na China, Índia e Brasil, produto em parte da crise da Zona Euro.
O Fundo exortou novamente os governos de Europa e Estados Unidos, por sua vez, a atuar frente aos riscos "consideráveis" de redução da situação econômica. "Os riscos de desaceleração têm aumentado e são consideráveis", disse o relatório. "A questão crucial é saber se a economia mundial atravessa simplesmente uma nova zona de turbulências (...) ou se a desaceleração atual se prolongará", disse o Fundo, ao estipular que a resposta neste momento se encontra não só nas mãos dos governos da Europa, mas também dos Estados Unidos.
A União Europeia (UE) deve tomar medidas para "conseguir uma união bancária e uma melhor integração orçamentária" e buscar o saneamento de suas finanças públicas, disse o Fundo. O organismo também pede para que a UE implemente o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEE), que foi de fato anunciado hoje, para resgatar os países mais fragilizados da Zona Euro.
Em caso de inatividade, diz o Fundo, os sinais positivos despertados pelo recente anúncio do Banco Central Europeu (BCE) de um plano de compra de dívida de países da Eurozona em dificuldades, podem se tornar passageiros.
Os Estados Unidos, por sua vez, devem "eliminar rapidamente a ameaça" do chamado "precipício fiscal", uma situação que seria gerada ao término do ano caso os legisladores não modifiquem um mecanismo que por lei dispara automaticamente fortes cortes do gasto e aumentos de impostos para os norte-americanos a partir de janeiro de 2013.
"Caso os legisladores (norte-americanos) fracassem (em entrar em um acordo para evitar esta eventualidade), a economia norte-americana pode voltar a cair em uma recessão com consequências catastróficas para o resto do mundo", diz o Fundo.
Os desequilíbrios mundiais têm diminuído, disse o FMI, que enfatizou que os excedentes comerciais de vários países da Ásia com o resto do mundo continuam sendo "muito fortes", enquanto suas moedas continuam frágeis, em uma alusão ao baixo valor do yuan chinês.