Médicos de todo o país realizam suspensão dos atendimentos eletivos aos planos de saúde a partir desta quarta-feira em protesto aos baixos honorários. Em Minas Gerais, o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG), Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) e Federação Nacional das Cooperativas Médicas (Fencom) informam que a suspensão acontecerá no período de 10 a 18 de outubro. Seguindo orientação das entidades médicas nacionais, nesse período, apenas os casos de urgência e emergência serão atendidos normalmente.
Atualmente, em Minas Gerais, dos 40 mil médicos ativos, aproximadamente, 28 mil profissionais atendem por planos e seguros de saúde. No país, são mais de 170 mil. Esta é a segunda mobilização da categoria realizada este ano. A primeira aconteceu em 25 de abril. Em todas elas, os profissionais lutam por honorários médicos mais justos e para mostrar os problemas que comprometem o trabalho do médico e a assistência aos usuários dos planos de saúde.
A presidente em exercício do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), Amélia Maria Fernandes Pessôa, destaca a importância de negociação entre os médicos e as operadoras de saúde. “Segundo dados da ANS, nos últimos 11 anos, os reajustes autorizados para os planos individuais acumularam 150,89%, sem repasse correspondente do percentual aos honorários médicos. Isso acaba desestimulando o profissional, que precisa arcar com custos elevados de manutenção do consultório e de atualização da carreira médica”, finaliza.
Reivindicações da categoria
Os médicos pleiteiam a revisão dos honorários, o respeito à autonomia dos médicos e a regularização dos contratos com as operadoras de planos de saúde. O presidente da Associação Médica de Minas Gerais, Lincoln Lopes Ferreira, disse que nos últimos dez anos, a classe médica não tem se furtado a negociar.
“Vivemos uma conversa de surdos, onde uma parte fala e a outra não ouve. Não podemos mais tolerar essa situação de descaso. A defasagem dos honorários médicos está colocando em risco o exercício da nossa profissão. Num futuro bem próximo não haverá mais médicos atendendo em consultórios e pronto atendimentos através das operadoras de saúde que, insistem, em inviabilizar o trabalho médico. Do jeito que está não há como praticar a boa medicina e nem mesmo atender os pacientes de forma digna”, conclui Ferreira
Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) revelam que Belo Horizonte tem 1,28 milhão de pessoas atendidas por meio de planos de saúde, 25% a mais que os 972 mil dependentes da rede pública, representando um expressivo número de pessoas que precisam de um atendimento digno à Saúde.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG), João Batista Gomes Soares, destaca que desde que os médicos começaram a conviver com a intermediação dos planos de saúde na prestação de serviços médicos aos usuários dos planos foi semeada uma relação de desconfianças e até de desenganos. “Vende-se planos de saúde divulgando apenas os direitos dos usuários. Compete ao médico a prestação dos serviços sem o devido respeito ético ao profissional. Essa relação desigual está durando muito e não é suportável. Não podemos trabalhar assim. Respeito é bom e nós exigimos”, destaca.