Tóquio – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou ontem suas críticas à política de expansão monetária adotada pelos Estados Unidos, afirmando ainda que a economia brasileira voltou a crescer a um ritmo superior a 4%. O ministro fez as declarações durante reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Tóquio. “Estamos preocupados com o excesso de expansão monetária (...). Quando isso é exagerado, começa a criar efeitos colaterais como a desvalorização do dólar, que traz prejuízos para quem tem reservas. A China tem (reservas), os Brics têm e, de forma geral, (o excesso de expansão monetária) estimula a guerra cambial porque outros países respondem da mesma forma.”
Mantega sugeriu ainda que as políticas monetárias adotadas pelas economias mais avançadas sejam discutidas nos eventos na capital japonesa. “Ninguém quer ver suas moedas se valorizarem e o comércio internacional é importante. Temos que conversar para ver se podemos encontrar uma política comum”, propôs. Ao falar sobre as medidas que possam ser adotadas para atenuar os efeitos da desaceleração global, Mantega disse que a implementação de instrumentos pela União Europeia é determinante para o combate à crise.
“Quando se trata de países europeus, nossa visão é de que eles estão adotando as medidas corretas, que os instrumentos que estão sendo construídos são adequados”, disse ele, referindo-se à supervisão bancária comum e à união fiscal. “Mas o problema é que esses instrumentos ainda não estão sendo usados e implementados. A implementação continua sendo adiada”, completou Mantega. O ministro informou que as negociações entre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para a criação de um “pool” de reservas internacionais do bloco e um banco de desenvolvimento avançaram, mas tem data para serem implementados. “Os países estão de acordo, estamos olhando para os detalhes. E o melhor momento para fazer é agora, quando nós, os Brics, não precisamos dessa sustentação”, afirmou Mantega.
Arrocho em dose errada
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, considerou ontem ser necessário conceder um prazo adicional de dois anos para a Grécia sair do atoleiro, depois de constatar que a austeridade com todo o rigor age contra a recuperação dos países em crise. “É necessário dar à Grécia um prazo adicional de dois anos para que este país seja capaz de concluir o programa de ajuste de suas finanças públicas”, cuja meta é limitar o déficit a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, contra os 7,3% previstos neste ano, disse Lagarde.
“Em vez de uma redução frontal e massiva (...), às vezes é preferível dispor de um pouco mais de tempo”, disse Lagarde em uma coletiva de imprensa em Tóquio, onde participa da Assembleia Anual do FMI e do Banco Mundial. “É o que defendemos para Portugal (outro país sob assistência financeira), também o fizemos para a Espanha e agora para a Grécia”, destacou Lagarde.