A província argentina de Buenos Aires informou nesta sexta-feira que vai realizar na próxima segunda-feira pagamentos de cupons dos seus bônus denominados em dólar e euro. A declaração é uma tentativa de acalmar os investidores, que estão nervosos após a província de Chaco pagar em pesos um bônus denominado em dólar, em função dos controles sobre o mercado de câmbio impostos pelo governo da presidente Cristina Kirchner.
A província de Buenos Aires diz que já transferiu US$ 48,8 milhões para pagar os cupons de seu bônus para 2017 denominado em dólar, e mais 19,7 milhões de euros para pagar outro título para 2017 denominado na moeda comum europeia. Ambos os papéis foram emitidos sob a Lei de Nova York. "A província de Buenos Aires tem conseguido adquirir moeda estrangeira no mercado de câmbio para pagar pelas dívidas emitidas no exterior sem problemas", afirmou o governo provincial em comunicado.
A província de Chaco pagou esta semana, com pesos argentinos, um bônus denominado em dólar. O governador de Chaco, Jorge Capitanich, argumentou que pagou em pesos porque o Banco Central da República Argentina (BCRA) e a Receita Federal não permitem a compra de moeda estrangeira
Até outubro do ano passado, as empresas e a administração pública da Argentina podiam comprar até US$ 2 milhões por mês no mercado de câmbio oficial. A partir desta data, o governo iniciou uma série de medidas de restrição que terminaram com a proibição à compra legal de dólares, a partir de julho deste ano.
Após o caso da província de Chaco, o banco central argentino disse que instituições públicas e privadas que emitiram bônus no exterior podem comprar moeda forte para pagar juros e o principal de suas dívidas. Emissores que venderam bônus denominados em moedas estrangeira, mas sob a legislação argentina, para financiar projetos de infraestrutura, também poderão ter acesso aos mercados de câmbio para pagar essas dívidas.
"As regras atuais não contemplam a possibilidade de acesso ao mercado de câmbio para outros tipos de emissões locais", explicou o banco central.