O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou em Tóquio na tarde de sábado (no horário local) que o governo não vai permitir que o processo de retomada econômica no Brasil provoque eventuais efeitos negativos sobre os índices de preços ao consumidor. "O Brasil está em recuperação, a economia está acelerando e nós estaremos sempre atentos na recuperação para que não haja pressões inflacionárias, porque elas são indesejáveis, não são boas para a economia brasileira", destacou.
Para Mantega, não há necessidade de o Fundo Monetário Internacional (FMI) lançar avaliações de alerta para o governo sobre o comportamento da inflação. No relatório semestral produzido pelo Fundo sobre a América Latina e o Caribe, a instituição advertiu que o País precisa tomar mais cuidado com a variação média dos preços das mercadorias e serviços, pois os índices que medem a inflação do varejo superam a meta de 4,5%.
Real valorizado
Mantega afirmou que a crise internacional acirra a ansiedade dos países avançados de utilizar as exportações a qualquer custo para que ajudem na recuperação de suas respectivas economias. Contudo, ele destacou que tal procedimento é indiretamente produzido pelas políticas de afrouxamento quantitativo, que acabam gerando desvalorizações competitivas de suas moedas, o que afeta as nações emergentes.
"Há o desespero de países que não têm para onde exportar. O comercio mundial neste ano só vai crescer 3,5%, o que é uma marca muito reduzida, pois vinha se expandindo nos últimos anos a 10%, 15% ao ano", disse. "É onde os países exportadores encontram possibilidade de expandir o seu PIB. Com esse encolhimento, vai ter uma briga de foice para ver quem é que vai ocupar os mercados e o Brasil é um dos mercados que tem dinamismo", apontou.
E para Mantega, neste contexto, o governo está também muito atento à evolução do câmbio, pois é bom para a economia que ele não se aprecie, com o forte ingresso de capitais de curto prazo que procuram entrar no País em busca de boa rentabilidade com operações de arbitragem de juros. "É em função disso que nós não podemos deixar o nosso câmbio se valorizar", disse.