Welington, Dalila, Wilkison são três irmãos de um total de 16. Filhos de Diná e Ismail Lima, eles não fogem à tradição da casa. Há quem diga que o talento está escrito na genética. Como seus outros 13 irmãos, eles tecem na fibra do bambu o artesanato que leva fama ao município de Baependi, no Sul de Minas, e ao distrito de São Pedro, onde centenas de artesãos e pequenos produtores rurais se dedicam à trama de tecer cestos de tamanhos e formas variadas. Em todo o município são 6 mil artesãos que têm na atividade a principal fonte de renda da família. O desafio agora é ampliar a produção da matéria-prima que molda a arte e negócios em Baependi.
Em pequenas propriedades rurais é fabricado o artesanato que abastece grandes mercados. Os produtos são vendidos para fornecedores de Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e até para o Amazonas e o Pará. Não se sabe ao certo quando a região se tornou referência no artesanato de bambu, mas é de conhecimento popular que a habilidade de produzir cestos, vasos fruteiras, pequenos móveis e caixas, que passa como um presente de geração em geração, começou a ser propagada há pelo menos cinco décadas. O agrônomo e extensionista da Empresa de Assistência e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) Marco Aurélio dos Santos diz que, depois da pecuária de leite e do cultivo do café, o artesanato ocupa lugar de destaque na economia local.
A renda média é de um salário mínimo por artesão, mas há quem consiga aumentar o valor para R$ 1 mil, sendo que 80% da produção tem como base a fibra do bambu. Uma menor parcela se dedica a tecer peças com a palha do milho. “O polo de Baependi teve início há mais de 50 anos e se tornou de grande importância para a economia local”, diz o agrônomo Marco Aurélio, afirmando que o cultivo do bambu, matéria-prima da produção, ainda é pequeno, de fundo de quintal. Por causa dessa limitação, hoje os artesãos precisam sair da cidade em busca da gramínea maleável da qual é retirada a fibra.
Na família de Diná e Ismail Lima a arte está na veia. Do pequeno Ismail Júnior, de 11 anos, ao mais velho, Wadrer Kennedy, de 34, todos dominam a arte de moldar cestos com a ajuda do canivete. Welington Chesman conta que produz cerca de 30 cestos por dia. Dalila, de 20, fabrica, em média, 20 peças. “Minha especialidade são os cestos de 25 centímetros de diâmetro e 5cm de altura. Vendo cada um por R$ 0,90”, diz. O desejo dos artesãos é de que os produtos alcançassem maior valor no mercado.
Wilkison Lima pondera que está em andamento na cidade uma tentativa para formar uma associação de produtores. “O Sebrae já fez aqui uma palestra e a organização dos produtores é realmente muito importante para tentar fazer com que os cestos ganhem mais valor no mercado.” Atualmente os artesãos recebem de R$ 0,60 a R$ 2,40 pela unidade. Um item vendido por R$ 0,60 chega para o consumidor por valores próximos a R$ 3.
APREENSÃO Os irmãos Nemuel Oscar, Benjamin Junior, Leilivânia e Midiã também se dedicam à atividade, comum entre os 17 filhos de Maria Juscelino e Benjamim Miguel Oscar Filho, um dos anfitriões do artesanato no distrito de São Pedro. Segundo Nemuel, de 33 anos, que aos 7 já ensaiava na área de costura e arremates dos cestos e aos 10 já era capaz de produzir peças de menor complexidade, a matéria-prima está se tornando uma preocupação. Nemuel produz de 30 a 40 peças de 30 centímetros de diâmetro por dia. Segundo ele, no passado o bambu era encontrado na vizinhança com certa facilidade, agora a oferta mudou. “Buscamos bambu em toda a vizinhança, em Lambari, Conceição do Rio Verde, São Lourenço.”
De olho no futuro da produção, Nemuel conta que algumas espécies do bambu podem ser colhidas após três anos do plantio, sendo que o ciclo de produção pode levar mais de sete anos. Segundo o artesão, que também é um pequeno agricultor, ele começou uma plantação da espécie e prepara-se para fazer a primeira colheita, o que vai lhe garantir a oferta da matéria-prima para os cestos. “Antes escolhíamos só os melhores bambus. Agora, com a escassez , todo o produto encontrado é aproveitado.”
Pioneirismo incerto
É difícil saber quem levou para Baependi a ciência de transformar a fibra do bambu em artesanato. Dizem os moradores mais antigos que um rapaz, de nome Manuel Alves, começou silenciosamente a fabricar pequenos cestos em sua propriedade rural. Aos poucos os cestos se tornaram conhecidos, atiçando a curiosidade da vizinhança, que rapidamente aprendeu a técnica e difundiu o artesanato entre as numerosas famílias da região. Desde então, a pequena cidade mineira se transformou em referência nacional na produção de artesanato de bambu.
Em pequenas propriedades rurais é fabricado o artesanato que abastece grandes mercados. Os produtos são vendidos para fornecedores de Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e até para o Amazonas e o Pará. Não se sabe ao certo quando a região se tornou referência no artesanato de bambu, mas é de conhecimento popular que a habilidade de produzir cestos, vasos fruteiras, pequenos móveis e caixas, que passa como um presente de geração em geração, começou a ser propagada há pelo menos cinco décadas. O agrônomo e extensionista da Empresa de Assistência e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) Marco Aurélio dos Santos diz que, depois da pecuária de leite e do cultivo do café, o artesanato ocupa lugar de destaque na economia local.
A renda média é de um salário mínimo por artesão, mas há quem consiga aumentar o valor para R$ 1 mil, sendo que 80% da produção tem como base a fibra do bambu. Uma menor parcela se dedica a tecer peças com a palha do milho. “O polo de Baependi teve início há mais de 50 anos e se tornou de grande importância para a economia local”, diz o agrônomo Marco Aurélio, afirmando que o cultivo do bambu, matéria-prima da produção, ainda é pequeno, de fundo de quintal. Por causa dessa limitação, hoje os artesãos precisam sair da cidade em busca da gramínea maleável da qual é retirada a fibra.
Na família de Diná e Ismail Lima a arte está na veia. Do pequeno Ismail Júnior, de 11 anos, ao mais velho, Wadrer Kennedy, de 34, todos dominam a arte de moldar cestos com a ajuda do canivete. Welington Chesman conta que produz cerca de 30 cestos por dia. Dalila, de 20, fabrica, em média, 20 peças. “Minha especialidade são os cestos de 25 centímetros de diâmetro e 5cm de altura. Vendo cada um por R$ 0,90”, diz. O desejo dos artesãos é de que os produtos alcançassem maior valor no mercado.
Wilkison Lima pondera que está em andamento na cidade uma tentativa para formar uma associação de produtores. “O Sebrae já fez aqui uma palestra e a organização dos produtores é realmente muito importante para tentar fazer com que os cestos ganhem mais valor no mercado.” Atualmente os artesãos recebem de R$ 0,60 a R$ 2,40 pela unidade. Um item vendido por R$ 0,60 chega para o consumidor por valores próximos a R$ 3.
APREENSÃO Os irmãos Nemuel Oscar, Benjamin Junior, Leilivânia e Midiã também se dedicam à atividade, comum entre os 17 filhos de Maria Juscelino e Benjamim Miguel Oscar Filho, um dos anfitriões do artesanato no distrito de São Pedro. Segundo Nemuel, de 33 anos, que aos 7 já ensaiava na área de costura e arremates dos cestos e aos 10 já era capaz de produzir peças de menor complexidade, a matéria-prima está se tornando uma preocupação. Nemuel produz de 30 a 40 peças de 30 centímetros de diâmetro por dia. Segundo ele, no passado o bambu era encontrado na vizinhança com certa facilidade, agora a oferta mudou. “Buscamos bambu em toda a vizinhança, em Lambari, Conceição do Rio Verde, São Lourenço.”
De olho no futuro da produção, Nemuel conta que algumas espécies do bambu podem ser colhidas após três anos do plantio, sendo que o ciclo de produção pode levar mais de sete anos. Segundo o artesão, que também é um pequeno agricultor, ele começou uma plantação da espécie e prepara-se para fazer a primeira colheita, o que vai lhe garantir a oferta da matéria-prima para os cestos. “Antes escolhíamos só os melhores bambus. Agora, com a escassez , todo o produto encontrado é aproveitado.”
Pioneirismo incerto
É difícil saber quem levou para Baependi a ciência de transformar a fibra do bambu em artesanato. Dizem os moradores mais antigos que um rapaz, de nome Manuel Alves, começou silenciosamente a fabricar pequenos cestos em sua propriedade rural. Aos poucos os cestos se tornaram conhecidos, atiçando a curiosidade da vizinhança, que rapidamente aprendeu a técnica e difundiu o artesanato entre as numerosas famílias da região. Desde então, a pequena cidade mineira se transformou em referência nacional na produção de artesanato de bambu.