O maior desafio do Banco Central em 2013 será retornar à sua função primordial, de manter a meta de inflação, sob pena de perder força no gerenciamento das expectativas, disse Carlos Langoni, diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-presidente do BC.
Na avaliação do economista, o BC brasileiro tem acumulado muitos objetivos, como perseguir a meta de inflação, estimular o crescimento e monitorar a taxa de câmbio. "Isso afeta a capacidade do BC de gerenciar expectativas", ressaltou Langoni, para quem a autoridade monetária já encontra dificuldades nesse terreno. "É péssimo para o crescimento de longo prazo."
O acúmulo de tarefas surgiu em um momento de crise, a exemplo do que tem ocorrido com o Banco Central Europeu (BCE) e com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), mas não deve se tornar permanente. "O BC se preocupou com o baixo nível de atividade, mas agora acabou a lua de mel monetária. Na minha opinião, os juros reais já estão até abaixo da taxa de equilíbrio. Eu gostaria que o BC voltasse à sua função básica, que é gerenciar a meta de inflação", disse o diretor da FGV, após participar do Simpósio Econômico Global, no Rio de Janeiro. O economista disse ainda que a meta de inflação brasileira, atualmente em 4,5%, é generosa, mas mesmo assim a inflação está em patamar elevado.