O secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Marco Antonio Martins Almeida, afirmou nesta quarta-feira que, mesmo com o barateamento do preço do gás, a indústria brasileira não conseguirá receber grandes volumes do combustível a preços inferiores a US$ 8 por milhão de BTU (medida de poder calorífico).
O preço é menor do que o Brasil gasta hoje para importar no mercado spot (US$ 16 por milhão de BTU), mas ainda muito acima dos preços praticados no mercado americano, que chegaram a US$ 2 por milhão de BTU e hoje estão a US$ 3,20 por milhão de BTU.
Segundo o secretário, é necessário aumentar a oferta de gás no País. Ele participa do Fórum Brasil Competitivo - O Futuro do Gás Natural, realizado pelo Grupo Estado em parceria com a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), em São Paulo.
Gás de xisto
Almeida disse que o desenvolvimento da infraestrutura de gás é fundamental para que o País consiga produzir o gás de xisto (shale gas, em inglês). Segundo o secretário, apenas na Bacia do Paraná há quem fale no Brasil de uma reserva de 200 trilhões de pés cúbicos (TCFs) em gás não convencional. Porém, esta pode ser uma reserva de difícil exploração e que ainda precisa ser confirmada, diz. Além disso, não há áreas concedidas em exploração.
Outras bacias devem ser mais promissoras, como é o caso da Bacia Recôncavo, onde já há infraestrutura disponível para que o gás entre mais rapidamente no sistema.
Na Argentina, lembra, as reservas não confirmadas são de 700 TCFs. "É mais do que o pré-sal brasileiro", diz, mas sempre ressalvando que ainda é incógnita se estes recursos poderão ser monetizados.
BNDES
O gerente do departamento de Petróleo e Gás da Área de Insumos Básicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luiz Daniel Willcox de Souza, que também participa nesta quarta-feira do Fórum Brasil Competitivo sobre o Futuro do Gás Natural, afirmou que a instituição está pronta para financiar projetos de gás não convencional.
"O banco está preparado para apoiar, tem instrumentos para tal", disse, citando exemplos anteriores no mercado de gás de exploração e infraestrutura.
No entanto, Souza diz que o banco ainda tenta verificar se o bem-sucedido exemplo americano poderá ser replicado no Brasil. Ele lembra que nos EUA havia uma experiência antiga na área e boa malha de dutos para distribuição.
Para o economista, é preciso olhar as reservas de shale gas brasileiras "com otimismo, mas sem euforia". Souza diz que mesmo nos EUA há dúvidas sobre o futuro desta produção.
Dutos
O secretário do MME afirmou que o plano de expansão da malha de dutos, que está sendo finalizado no ministério, deve ficar pronto no primeiro trimestre de 2013. Segundo Almeida, a ideia é puxar para o governo o planejamento do setor, hoje concentrado na Petrobras.