Os interessados nas rodovias que o governo pretende licitar a partir do fim deste ano estão preocupados com a obrigatoriedade de realizar 60% dos investimentos previstos nos primeiros cinco anos de concessão.
“Alguns deles acharam um pouco pesado”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, após participar de reunião convocada pelo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, com potenciais interessados nas concessões.
De acordo com o plano de logística lançado pelo governo há dois meses, dos R$ 42 bilhões em investimentos previstos para os 7.500 quilômetros de rodovias entregues em concessão, R$ 23,5 bilhões terão de ser realizados nos primeiros cinco anos. As obras mais importantes, como duplicação, contornos e travessias, serão realizadas nesse período. Se tudo funcionar como previsto, a malha rodoviária brasileira estará mais do que duplicada até 2018.
A preocupação das empresas com o volume de investimentos a serem aportados na fase inicial das concessões não é, porém, tão grave a ponto de afastar interessados da disputa - pelo menos por enquanto.
Executivos que estiveram na reunião com Passos mas não quiseram se identificar comentaram que “ainda está tudo muito embrionário”, por isso não é possível avaliar se será interessante ou não participar dos leilões. A impressão geral que têm é que o processo será positivo.
Um dado que foi centro de disputa entre o governo e a iniciativa privada nos leilões anteriores, a remuneração do empreendedor, não alimentou polêmica na conversa desta quarta-feira (17).
O governo vai escolher os concessionários pelo critério da menor tarifa cobrada, e vai calibrar o preço mínimo considerando uma taxa interna de retorno de 6% ao ano.
De acordo com os executivos, a taxa de retorno não deve ser avaliada sozinha, mas sim no conjunto do projeto. Como o governo oferece também a possibilidade de financiamento por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a taxas atraentes (taxa de juros de longo prazo mais até 1,5% ao ano), uma coisa pode compensar a outra.
O cronograma das concessões de rodovias é considerado apertado por governo e empresas. “Mas eles estão fazendo muita força para sair no prazo”, disse um executivo. Figueiredo reafirmou o compromisso. “Vamos morrer tentando cumprir o cronograma, porque queremos implantar uma cultura de cumprimento de prazos.”