A situação precária dos reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras levou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a acionar, ontem, as termelétricas a óleo, a segunda opção de geração de energia mais cara do país. Com isso, no ano que vem, a conta de luz dos brasileiros poderá ficar mais salgada. Entre o fim de setembro e 17 de outubro, o nível de armazenamento nas usinas do Sudeste e do Centro-Oeste caiu de 47,89% para 41,8%. No mesmo período, nas usinas localizadas no Sul do Brasil, a água acumulada baixou de 44,78% para 38,01% e no Norte as reservas caíram de 51,19% para 37,39%. Somente no Nordeste a situação melhorou, e os reservatórios saíram de 42,63% para 46,40%, mesmo assim porque usinas como Três Marias, no Rio São Francisco, em Minas Gerais, que ajudam a regular os reservatórios do Nordeste, aumentaram a vazão na tentativa de regularizar o fornecimento de energia na região vizinha. O Estado de Minas antecipou a gravidade da situação na semana passada.
“Face ao atraso das chuvas provocado pelo fenômeno climático El Niño, o ONS iniciou o despacho de 2.100 megawatts (MW) proveniente de termelétricas a óleo a partir de 18 de outubro (ontem)”, diz o órgão em comunicado. A medida visa evitar que seja ultrapassada a curva de aversão ao risco, que nas regiões Sudeste e Centro-Oeste está na casa dos 33% para setembro e de 28% para outubro.
Esta é a primeira vez no ano que o ONS despacha as térmicas a óleo, que são acionadas por ordem de mérito, começando pelas mais baratas e chegando às mais caras. Até agora, nas usinas termelétricas acionadas pelo órgão, a energia custa até R$ 700 por megawatt/hora, muito mais do que a geração hidrelétrica. Se São Pedro não ajudar, restará ao ONS despachar as térmicas movidas a óleo diesel, que são ainda mais caras.
Em abril deste ano as térmicas a gás já tinham sido acionadas pelo ONS. A melhoria das condições hidrológicas permitiram que elas fossem desligadas entre junho e julho, mas em agosto a situação piorou e no fim daquele mês as térmicas a gás voltaram a ser acionadas. Ontem, para complementar a energia necessária para abastecer o país, as movidas a óleo começaram a funcionar. Com o atraso das chuvas, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), índice utilizado pelo operador do sistema elétrico para precificar o custo da geração a partir da oferta de energia disponível nas hidrelétricas, atinge agora níveis superiores a R$ 300 por MWh.
Horário de verão
No próximo domingo, dia 21 de outubro, começa o horário de verão, que vai até 17 de fevereiro de 2013. Com 119 dias de duração, a medida visa conferir maior confiabilidade e flexibilidade para a operação do sistema elétrico. Com uma hora a mais de luz natural, a demanda no horário de ponta cai 2.266 MW, o que equivale a cerca de 4,5% da demanda do Sistema Interligado Nacional. Está prevista uma economia de R$ 280 milhões com a geração térmica evitada para atendimento à ponta e por restrições hidrelelétricas. Os relógios deverão ser adiantados em uma hora nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e em Tocantins.