Os mercados internacionais contribuíram para afastar investidores e mais uma vez pesaram sobre a Bovespa nesta sexta-feira, o que se refletiu em queda das principais ações. A aversão ao risco se deveu à divergência entre os líderes da União Europeia (UE) sobre a atuação de um órgão de supervisão bancária na região, além de balanços corporativos decepcionantes e dados fracos do setor imobiliário nos Estados Unidos.
Segundo analistas, até o aniversário de 25 anos da "Black Monday", quando o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, despencou 508 pontos, teve sua contribuição psicológica para o mau humor dos mercados nesta sessão.
O Ibovespa encerrou o dia em queda de 1,36%, aos 58.922,04 pontos. Na semana, a Bolsa acumula perda de 0,40% e no mês, de 0,43%. No ano, o Ibovespa tem valorização de 3,82%. Na primeira meia hora dos negócios do dia, o índice alcançou 59.846 pontos (+0,19%), na máxima, mas depois a trajetória foi de queda, com a mínima aos 58.782 pontos (-1,59%). O giro financeiro somou R$ 6,036 bilhões. Os dados são preliminares.
"A Bolsa perdeu o suporte dos 59.400 e, depois disso, não será difícil buscar os 58.100 pontos (suporte seguinte). A quantidade de dinheiro não mudou. Enquanto não tiver investidor, a Bolsa não vai andar", afirmou o sócio-diretor da Título Corretora, Marcio Cardoso.
A aversão ao risco atingiu as blue chips Vale e Petrobras. A petroleira viu suas ações ON e PN perderem 2,00% e 1,11%, respectivamente, em linha com a desvalorização dos preços da commodity no mercado internacional. No caso da Vale, os papéis ON recuaram 2,14%, e os PNA, 1,72%, também acompanhando a queda dos metais no exterior.
Os destaques de queda do Ibovespa foram liderados por Gafisa ON, que perdeu 5,92%. Em seguida, aparecem Brookfield ON (-5,29%), Cia. Hering ON (5,04%), Usiminas ON (-4,80%) e Gerdau Metalúrgica PN (-4,54%).
Mesmo sem nutrir grandes expectativas em torno da reunião da cúpula dos líderes da UE, o fim do encontro de dois dias frustrou por não trazer avanços à discussão sobre a criação de um órgão de supervisão bancária. O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, disse que a decisão sobre um pacote de socorro não foi tomada, e informou que os líderes concordaram com o prazo final de 1º de janeiro para que a estrutura legislativa de um órgão supervisor bancário único seja concluída.
No âmbito corporativo, balanços de companhias norte-americanas contribuíram para agravar o cenário. Entre as companhias que decepcionaram o mercado estão a General Electric e a rede de fast food McDonald''s, que trouxeram cifras abaixo do esperado. Além disso, a Sony informou que cortará 2 mil empregos no Japão.
Em Nova York, o Dow Jones terminou com queda de 1,52%, o S&P 500 caiu 1,66% e o Nasdaq recuou 2,19%.