O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, disse na manhã desta segunda-feira que a autoridade monetária pode fazer testes de estresse mesmo sem ter as posições das instituições financeiras a partir das informações coletadas pelo sistema de monitoramento do BC. De acordo com Meirelles, no caso das monitorações de mercado, "acompanhamos a precificação de ativos". O diretor fez estas e outras afirmações durante o 33º Congresso Brasileiro de Auditoria Interna (Conbrai 2012), realizada na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul.
Ainda de acordo com Meirelles, o BC acompanha todas as captações das instituições financeiras a taxas fora do padrão. O diretor informou ainda que o BC faz testes diários de riscos de liquidez do sistema financeiro e testes mensais para os riscos de crédito. "Podemos simular perdas de uma instituição em regime especial de administração", disse, complementando que o BC tem condições, inclusive, de mensurar o impacto da retirada de uma instituição no sistema financeiro.
Cruzeiro do Sul
Meirelles afirmou que o sistema de detecção de fraudes do BC permitiu à autoridade monetária detectar as fraudes no Banco Cruzeiro do Sul. "O instrumento permitiu detectarmos ativos inexistentes no balanço do banco", explicou.
Ainda sobre o sistema de fiscalização dos bancos, Meirelles informou que todas as instituições financeiras passam por uma avaliação de rating feita pelo BC. Para as instituições de alto risco, a avaliação é anual e para as de menor risco, é feita de dois em dois anos. O rating, de acordo com o diretor, varia de 1 a 4, sendo 1 a melhor nota e 4, a pior.
Auditorias
O diretor do BC disse que a autoridade monetária confere grande importância às auditorias internas das instituições financeiras privadas. Mas ele ressaltou que estas auditorias precisam ser conclusivas e capazes de apontar as deficiências que forem identificadas durante o processo de análise dos dados financeiros da instituição auditada.
De acordo com ele, o Departamento de Fiscalização do BC está acostumado a receber relatórios de auditorias em que fica claro que o auditor não tem nenhum compromisso com os dados que imputou no documento.
Para uma plateia formada por auditores internos de todo o País, Meirelles disse que é importante que o profissional conheça o negócio da empresa, os riscos do mercado em que está inserido e indique os pontos de atenção. "Se o auditor não conhece o negócio, ele não vai ser um (agente) intrusivo, mas apenas um chato", brincou.