O governo brasileiro tem mantido conversas diárias com o governo argentino, na tentativa de restabelecer o ritmo de exportações para o país vizinho, mas não está satisfeito com os avanços conquistados, afirmou a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Tatiana Prazeres.
"Estamos em contato diariamente. Não estamos satisfeitos com o comércio bilateral e temos insistido com os argentinos para que a situação se reverta", disse a secretária, após evento da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), no Rio. Embora o cenário ainda seja difícil, Tatiana acredita que o pior já passou. "Junho foi o momento mais delicado, mas o governo brasileiro foi firme", ressaltou. "Naturalmente, as exportações brasileiras estão em nível bastante inferior ao do ano passado, mas estão crescendo desde junho. Ainda em nível abaixo do que gostaríamos, mas as exportações crescem", acrescentou.
Segundo a secretária, enquanto a Argentina não estiver livre dos problemas causados pela crise econômica mundial e por conflitos internos enfrentados pela presidente Cristina Kirchner, dificilmente será possível que as exportações brasileiras alcancem patamares já vistos anteriormente. Os setores de confecção e calçados estão entre os mais afetados pelas restrições impostas pelo governo argentino. "Enquanto essa situação perdurar, é difícil retomar o vigor que (o comércio exterior) pode atingir quando há um ambiente de crescimento", declarou Tatiana.
A redução nas exportações brasileiras para a Argentina contribuiu para uma queda de 4,9% no volume exportado de janeiro a setembro, em relação ao ano passado. A redução nas exportações nacionais para a China e União Europeia também tiveram papel fundamental nesse resultado. "A queda nas exportações é por causa dos preços das commodities. O minério de ferro é o principal produto na pauta de exportação brasileira, então afeta o resultado. Este ano, está havendo queda de preço, não de quantidade exportada", explicou José Augusto de Castro, eleito hoje o novo presidente da AEB.
No entanto, mesmo com a queda, Tatiana ainda considera elevado o patamar das exportações brasileiras. "Uma redução de 5% (nas exportações) é ainda um patamar elevado em relação ao ano passado", apontou a executiva da Secex. Ela lembrou ainda que, apesar da redução nas exportações de commodities, houve aumento no volume de manufaturados exportados este ano.